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Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

O Diário de Anne Frank, Versão Definitiva

Charneca em flor, 22.02.11

 

Este é um livro especial. Primeiro que tudo porque é uma história verídica e porque foi comprado na livraria da Casa-Museu Anne Frank, em Amsterdão, depois de ter passado pelo anexo secreto onde Anne viveu dos 13 aos 15 anos. Quando cheguei à livraria estava muito emocionada já que terminei a visita com um nó na garganta e com lágrimas nos olhos. Na parte final da visita, é projectado um filme em que Otto Frank, pai de Anne Frank e o único que sobreviveu ao Holocausto, diz que só conheceu, verdadeiramente, a filha quando leu o seu diário. Percebe-se pelo seu testemunho que ele encontrou um sentido para a sua vida ao lutar para publicar o diário e para criar aquela Casa-Museu como espaço de encontro e de reflexão para todos, independentemente da raça, cor, língua ou religião, um espaço de paz e concórdia.

 Qual não foi o meu espanto encontrei esta versão escrita em português. Esta versão é chamada definitiva porque inclui algumas passagens que tinham sido omitidas nas primeiras edições por vontade de Otto Frank. Estas passagens contêm alguns comentários relativos à mãe que Otto não tinha querido divulgar. 

Muitas pessoas terão lido este livro na adolescência ou terão visto o filme. Eu não, embora já tivesse ouvido falar, por alto, na história de Anne Frank.

O Diário conta os 2 anos que a família Frank, com mais algumas pessoas, passou num pequeno anexo do antigo escritório de Otto Frank. A família refugiou-se aí para tentar escapar às perseguições anti-semitas levadas a cabo durante a 2ª Guerra Mundial. Anne descreve o espaço ao qual estavam confinados, o tipo de alimentação que eram obrigados a fazer, as privações e dificuldades a que estavam sujeitos. Para além disso percebe-se que Anne não deixou de ser uma adolescente como as outras, com os mesmos conflitos, as mesmas dúvidas, as mesmas revoltas e os mesmo anseios. É doloroso ler os planos que ela fazia para o futuro quando sabemos que ela, apesar de todos os riscos e sacrifícios que passaram, acabou por morrer num campo de concentração. Algumas entradas do Diário são de uma tal profundidade que custa a acreditar que tenham sido escritos por uma pessoa tão jovem. Obviamente que as circunstâncias a obrigaram a crescer já que passou por coisas que nunca ninguém deveria ter passado só porque o acaso a fez nascer no seio duma família judia. Um dos livros da minha vida, sem dúvida.

 

                                                                                                                                                                                                                                                   "Espero poder confiar-te tudo, como nunca pude confiar em ninguém, e espero que venhas a ser uma grande fonte de conforto e apoio", 12 de Junho de 1942

 

 

"Estamos todos vivos, mas não sabemos porquê ou para quê; todos procuramos a felicidade; todos levamos vidas que são diferentes e, contudo,  iguais. Nós os três fomos criados em boas famílias, temos oportunidade de adquirir uma educação e fazer algo pela nossa vida. Temos muitas razões para esperar uma grande felicidade, mas ... temos de a merecer. E isso é algo que não se consegue escolhendo a saída mais fácil. Merecer a felicidade significa fazer o bem e trabalhar, não especular e ser preguisoço. A preguiça pode ser convidativa, mas só o trabalho pode dar uma verdadeira satisfação", 6 de Julho de 1944

5ª Avenida, Candace Bushnell

Charneca em flor, 14.02.11

 

Às vezes leio dois livros ao mesmo tempo. Desta vez senti necessidade de ler um livro mais "leve" enquanto lia "O Diário de Anne Frank" já que este é um livro muito duro a nível emocional. Candace Bushnell tornou-se conhecida pela sua crónica "O Sexo e a Cidade" no New York Observer que deu origem ao livro, à série e aos 2 filmes. Este livro tem um protagonista principal e umas quantas personagens secundárias. O protagonista é o edifício situado no nº 1 da 5ª Avenida. Esta avenida é uma das mais caras avenidas de Nova Iorque. O edifício é mais do que o cenário, parece fazer mesmo parte da história. Todas a personagens ou vivem nesse sítio, ou na sua proximidade ou então desejam lá viver. Candace conta várias histórias e em todas elas aborda a ambição, o poder, a relação das várias pessoas com a cidade, a jovem que quer subir na vida, a mulher de meia idade que não conseguiu realizar tudo o que desejava, os novos ricos que construiram a fortuna na Bolsa à custa da gestão de fundos de alto risco e por aí fora. Um retrato da sociedade actual incluindo a grande influência da Internet na vida das pessoas e como aquilo que se escreve online permanece para sempre. Um livro que distrai e faz sonhar...
 
"Billy Litchfield passava em frente ao nº 1 da Quinta Avenida pelo menos duas vezes ao dia. Em tempos fora dono de um Wheaten terrier oferecido pela Srª Houghson, que criara cães dessa raça na sua propriedade junto ao Hudson. Wheaty precisava diariamente de ser passeado duas vezes em Whashington Square Park e Billy, que vivia na 5ª Avenida,a norte do nº1, desenvolvera nessa altura o hábito de passar pelo edifício como parte do seu passeio diário. Era uma das suas referências, um sumptuoso edifício construído em pedra de um cinza-claro e de linhas clássicas condizentes com o estilo art déco,e Billy, a meio caminho entre o novo milénio e as tradições de outrora. « Não importa onde se mora desde que seja um lugar decente». dizia para si mesmo, embora ansiasse viver no nº1.Alimentara essa pretensão durante trinta e cinco anos, mas o seu desejo continuava por cumprir."

 

Ler

Charneca em flor, 13.02.11

 

Desde pequena que sou viciada em livros. O primeiro livro que me lembro de ter adorado foi uma banda desenhada da Abelha Maia, edição do Circulo de Leitores, oferecido pelo meu padrinho, outro grande leitor, quando eu tinha 5 anos. Obviamente que nessa altura ainda não sabia ler, então chateava a minha mãe para ela me ler os balões vezes sem conta. Quando ela já não tinha paciência, eu resolvia o problema. Folheava o livro, olhava para os desenhos e inventava o que as personagens diziam, ou seja, contava a história à minha maneira.

Ansiava entrar para a escola para aprender a ler. Quando, finalmente, aprendi a ler, lia tudo o que apanhava. Nessa altura, os meus pais não tinham muitas possibilidades de me comprar muitos livros mas, mesmo assim, fui recebendo alguns. Lembro-me de um que eu adorava, "A pequena Sereia". Pelos meus 8/9 anos, o meu pai deu-me um dos melhores presentes que podia ter dado, inscreveu-me na Biblioteca Fixa da Gulbenkian que havia na minha terra. E aí abriu-se um novo mundo para mim. Devo ter sido das sócias mais assíduas lá da Bibiloteca. Graças a isso, fui dando alimentando essa paixão e esse prazer da leitura. Ler a melhor maneira de passar as férias. Nem tem conta os livros que devorei. Em tempos tentei fazer uma lista dos livros que já tinha lido mas é uma tarefa quase impossível.

Desde que comecei a trabalhar, uma da coisas em que fui gastando algum dinheiro foram os livros. Nem sei quantos tenho, só sei que a estante é grande mas mesmo assim os livros já estão em segunda fila. Tenho vários à espera do espaço temporal e psicológico para serem lidos. Não é só a falta de tempo que me impede de ler determinado livro. Já me tem acontecido começar a ler e não conseguir avançar a partir de certa altura. Quando assim é, desisto. Ao fim de algum tempo, às vezes anos, volto a pegar nele e torna-se, para mim, num livro espectacular.

A partir de agora vou tentar ir falando aqui dos livros que for adquirindo e daqueles que conseguir ir lendo.