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Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

Livros ao domícilo

Charneca em flor, 31.03.11

Gosto muito de ir a uma livraria, folhear os livros, ler as sinopses e decidir o que comprar. Ultimamente tenho ido menos às livrarias e tenho comprado alguns livros pela internet. E fico muito feliz quando o funcionário dos CTT chega, com aquela caixinha. ao meu trabalho. E, hoke, chegaram 3 livros, dois deles bem especiais, "Cartas de Amor" de Pablo Neruda e de oferta recebi uma edição bilingue dos seus "Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada". Estou muito curiosa com estes poemas mas, se calhar, vou ler mais em espanhol do que em português. É que me parece um pecado traduzir poesia, acho que se perderá sempre alguma coisa.

 

 

 

 

Soy el desesperado, la palabra sin ecos,

el que lo perdió todo, y el que todo lo tuvo

 

Eu sou o desesperado, a palavra sem ecos,

aquele que perdeu tudo, e teve um dia tudo.

 

"Os pecados de Lord Easterbrook" de Madeline Hunter

Charneca em flor, 27.03.11

 

Este é já o segundo livro que leio de Madeline Hunter. O primeiro foi "Jogos de Sedução".

A acção passa-se no século XIX e tem como pano de fundo as relações comerciais, mais ou menos legais, entre a Inglaterra e o Oriente, abordando até o tráfico de ópio e a destruição que o ópio provoca na vida de quem se lhe entrega. As personagens principais, Christian e Leona, conhecem-se em Macau onde se apaixonam mas são obrigados a separarem-se. Ao fim de 7 anos voltam-se a encontrar, em Londres, onde revivem as emoções vividas no Oriente. No entanto, há muitas coisas que os separam uma vez que Leona vai para Londres para estabelecer relações comerciais mas também para se vingar de quem levou o seu pai à morte.

Madeline Hunter faz um brilhante relato histórico e descreve os encontros entre Christian e Leona com uma grande carga sensual como já acontecera na outra obra dela a que faço referência. Ainda mais, neste "Os pecados...", a sensualidade ainda traz um toque do exotismo do Oriente. Como diz na sinopse:"Uma viagem no tempo até uma era marcada por escândalos, intriga e desejos secretos..."

 

"Silêncio. Calma. A respiração dele a sintonizar-se com um ritmo mais amplo na escuridão. Sem tumulto. Sem ânsias. Um estado de suspensão do ser procurando formar-se e crescer...

O centro não iria aguentar-se. Em vez disso, insurgiu-se uma lembrança, mais vívida do que seria natural. As imagens moveram~se na obscuridade da sua mente. De repente, estava de regresso a Macau, numa noite perfeita...

Cores a tremeluzir num luar de prata. Odor a flores de lótus vindo da lagoa próxima. Lâmpadas que brilhavam tenuamente no interior das casas, para além das paredes de estuque. Ruídos silenciosos que vinham ao seu encontro, misturando-se com os sons da noite.

 (...)

 Um som. Não do tipo silencioso, mas um ruído humano normal. Passos, respiração e um murmúrio débil e feminino.

Subitamente, ela estava ali, no trilho à sua frente. Viu-o e deteve-se. A camisa de noite alva brilhava sob a faixa escura do seu longo xaile de seda. O cabelo escuro encobria-a. A pele parecia cintilar sob a luz da lua.

O desejo tomou imediatamente conta dele, tal como sempre acontecia junto dela. Vê-la era a faìsca necessária para fazer com que a chama do seu desejo ardesse descontroladamente."

"Milagrário Pessoal" de José Eduardo Agualusa

Charneca em flor, 13.03.11

 

Nunca tinha lido nada de José Eduardo Agualusa embora, de algum tempo para cá, tenha alguma curiosidade pelos escritores africanos como Agualusa ou Mia Couto. Comecei a ler a medo mas foi uma boa aposta. O livro não é muito grande (184 páginas apenas) e lê-se muito bem desde que se leia com disciplina e atenção já que não se trata de um relato linear. Capítulos do enredo alternam com capítulos que contam lendas africanas, relatos de sonhos e histórias longinquas no tempo. Agualusa escreve de uma maneira muito divertida. O fulcro desta história é a pesquisa de novas palavras, neologismos, na língua portuguesa. Nesta busca acompanhamos o percurso de Iara, uma jovem linguista portuguesa, à procura da origem destes neologismos. Iara conta com a ajuda de um velho professor angolano e anarquista. Como diz na sinopse, "Milagrário Pessoal é um romance de amor e, ao mesmo tempo, uma viagem através da história da língua portuguesa, das suas origens à actualidade, percorrendo os diferentes territórios aos quais a mesma se vem afeiçoando."

Tendo em conta o cenário actual da língua portuguesa, com o tão falado Acordo Ortográfico, esta história prova que uma das riquezas da língua portuguesa é a sua diversidade, as várias maneiras de falar português em Portugal, nos vários países africanos ou no Brasil. A meu ver, este (des)Acordo vai retirar inocência à nossa língua obrigando-nos a escrever todos da mesma maneira. Não sei se Agualusa escreveu esta história a pensar nestas discussões sobre o Acordo mas foi isso que eu li nas entrelinhas e essa conclusão é da minha responsabilidade, evidentemente.

 

"Volto a estudar a lista. Vinte e três palavras, todas elas polidas e perfeitas, lúcidas, evidentes, e - sobretudo - imprescindíveis.

 

São palavras tão familiares, ou melhor, soam tão familiares, que não parecem neologismos, diz-me Iara. As pessoas ouvem-nas, e ficam convencidas de que sempre as utilizaram."

 

"Levou-o este necromante à Vila de Massangano, onde o apresentou a uns pássaros de voo lento e trabalhoso, forte penagem verde e azul, e uma crista púrpura na cabeça, à maneira do solidéu dos cardeais, mostrando-se tais pássaros muito àgeis nos pensamento e hábeis no falar. A partir de várias conferências com os referidos pássaros doutores, que os nativos chamam onduvas, reuniu Moisés da Conceição uma colecção de palavras extravagantes, de muita serventia, segundo me confidenciou o índio Mariano, para a boa iluminação das nações que habitam este país e, mais do que isso, da natureza da vida e dos seus maiores."

"Feito em Casa" de Joana Roque

Charneca em flor, 08.03.11

Nem só de literatura vive a minha biblioteca caseira. Os livros de culinária são outra das minhas paixões. Tal como gosto muito de comer, também gosto de cozinhar. Infelizmente o tempo para cozinhar é muito limitado e nem sempre consigo experimentar as receitas mais elaboradas dos livros.

Muitas vezes, quando compro um livro de culinária folheio, leio os conselhos e as dicas, imagino todos os pratos que vou fazer e não largo o livro novo durante uns dias. E foi isso que aconteceu com este "Feito em Casa". A Joana Roque é as autora de 2 blogues espectaculares, "As minhas Receitas" e "A economia cá de casa".  O livro reune algumas das receitas e dos conselhos de economia caseira e está organizado ao longo de 1 ano durante o qual há festas de aniversário, jantares com amigos, idas à praia ou serões diante da televisão. As receitas são explicadas sem pretensões e há desde as mais simples às mais elaboradas. Desde que o comprei que já li quase todas as dicas, os acontecimentos do dia-a-dia da autora e já seleccionei umas quantas coisas para experimentar. Uma excelente aquisição para a prateleira dos livros de culinária.