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Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

Tiago Bettencourt canta Sophia

Charneca em flor, 23.02.14

Hoje publico mais um post dedicado ao tema "Poemas que se tornaram canções". Faz parte de um projecto de Tiago Bettencourt "Tiago na toca e os poetas" em que o músico deu vida a poemas dos nossos melhores autores. Escolhi o poema de Sophia de Mello Breyner Andresen porque, esta semana, a Assembleia da República decidiu, em boa hora, pela transladação da poetisa para o Panteão Nacional.

 

Tempo de solidão e de incerteza
Tempo de medo e tempo de traição
Tempo de injustiça e de vileza
Tempo de negação
Tempo de covardia e tempo de ira
Tempo de mascarada e de mentira
Tempo de escravidão
Tempo dos coniventes sem cadastro
Tempo de silêncio e de mordaça
Tempo onde o sangue não tem rasto
Tempo da ameaça.

Correntes d' Escritas 2014

Charneca em flor, 20.02.14

Um dia ainda vou estar aqui

Correntes d' Escritas é um encontro anual de escritores de expressão ibérica que decorre durante o mês de Fevereiro na Póvoa do Varzim. Os escritores são provenientes de países e continentes onde se falam as línguas portuguesa e espanholaO primeiro encontro realizou-se em Fevereiro de 2000, ano em que se assinalou o Centenário da Morte de Eça de Queirós, nascido na cidade.
Se quiserem acompanhar o que se vai passando, nestes dias, na Póvoa do Varzim podem fazê-lo aqui.

Hotel das Letras

Charneca em flor, 12.02.14

Ontem fui a uma formação num hotel da nossa capital. Achei logo curioso que o nome fosse Hotel das Letras. Situa-se no ínicio da Rua Castilho e é muito agradável. A decoração, como o nome indica, é dedicada ao mundo das letras. Logo na recepção descobre-se uma estante muito bem recheada. Tirei uma foto, só se vê as traseiras da estante mas já dá para ter uma ideia. 

No entanto o que me chamou a atenção foi um painel de vidro com os nomes de inúmeros escritores.

A sala de formação era decorada com poemas e, pelo que vi no folheto do hotel, os quartos também são decorados com textos literários. Uma decoração muito curiosa. Será que serve para chamar a atenção para a riqueza da literatura?!

Follow Friday

Charneca em flor, 07.02.14

Hoje é sexta-feira e, como tal, é dia de Follow Friday. Sendo a primeira vez que participo tenho que destacar o blogue que sigo há mais tempo. Embora este blogue seja, relativamente, recente já sou blogger quase há 7 anos com outro blogue. Sigo o blogue que vou destacar quase desde o príncipio da minha actividade bloguista. Aqui fica a minha sugestão:

 

A Espuma dos Dias

 

Fiquei muito curiosa com o título, achei muito bonito. Só mais tarde é que descobri que "A espuma dos dias" é o título de um clássico da literatura francesa, "L' écume des jours" de Boris Vian

Uma das coisas que eu admiro neste blogger é a sua disciplina em publicar um post todos os dias, coisa que eu nunca fui capaz de fazer. Os temas são muito diversificados indo desde ao futebol passando pela política, pela economia enfim temas relacionados com a actualidade. Também vai falando da sua profissão ou das suas férias. Como o próprio autor escreve na apresentação do blogue:"Relatos pessoais sobre o que vai acontecendo por aí."

Ilha Teresa, Richard Zimler

Charneca em flor, 06.02.14

Este livro já não é recente, comprei há algum tempo mas tem estado em espera. Como tenho lido algumas entrevistas de Richard Zimler, um americano que trocou Nova Iorque, onde nasceu, e São Francisco, onde foi professor, pela cidade do Porto. Também foi professor de Jornalismo, na Universidade do Porto, durante 16 anos mas parece-me que se radicou em Portugal por amor já que vive uma relação estável, desde 1978, com Alexandre Quintanilha, um físico português. Embora eu ache que ele também se apaixonou pelo nosso país. 
Ora bem, quanto ao livro, Ilha Teresa tem como personagem principal uma adolescente, Teresa, que fez o caminho inverso de Zimler já que a sua família emigra para os Estados Unidos da América. Gostei muito do livro e achei que é um óptimo livro para aconselhar a um jovem. Teresa não se adapta facilmente à vida em Nova Iorque quer por dificuldades linguísticas quer por dificuldade de relacionamentos com os colegas da idade dela. O relacionamento com a mãe é muito conflituoso, típico da adolescência, e, para piorar mais a sua situação, perde o pai. Identifiquei-me com este acontecimento porque perdi o meu pai mais ou menos com a mesma idade mas eu não era tão problemática, felizmente. O seu refúgio é a amizade com um jovem brasileiro, Angel, com um sentido de humor peculiar mas também com uma série de problemas. A história vai-se desenvolvendo tendo em linha de conta estas 2 relações com a mãe e Angel e também o seu pequeno irmão, Pedro, que a segue por todo o lado e pelo qual ela se sente responsável. Um retrato de como a adolescência pode ser uma época difícil da vida. Recomendo.
Fica aqui um cheirinho da escrita de Richard Zimler:
" Vamos lá ver as coisas como elas são: ter quinze anos num país estrangeiro e não ter lado nenhum para onde fugir significa estar naufragada na nossa própria ilha deserta, a milhares de milhas de qualquer sítio onde pudéssemos querer estar. Ilha Teresa. Um bocado para o triste e longe das rotas para um resort de férias, mas ainda assim com alguns encantos exóticos."
"Ler... Têm de reconhecer que há nisto qualquer coisa de especial , como se às tantas o que há de melhor nos seres humanos sejam as nossas palavras. Embora tenhamos tendência para o esquecer, excepto quando estamos a meio de um livro que amamos."

 

Blimunda, a revista online

Charneca em flor, 05.02.14

 

Todos os meses, descarrego esta revista Blimunda disponibilizada gratuitamente pela Fundação José Saramago. Trata-se de uma revista muito interessante que fala, não só de livros, mas também de outras formas de arte como o cinema, categoria introduzida na última edição, ou eventos como  a ILUSTRARTE, Bienal Internacional de Ilustração. Como é óbvio, tratando-se da Fundação José Saramago, há também uma secção em que se recorda José Saramago, as suas obras, as suas palavras ou as suas participações em vários tipos de conferências. Vale a pena ler e ainda por cima é gratuita o que, nos dias que correm, é uma grande vantagem.

Porquê Charneca em flor?

Charneca em flor, 03.02.14

Quando resolvi ressuscitar este blogue, achei que era boa ideia mudar o nickname. Pensei, pensei e cheguei à conclusão que era giro arranjar um nickname relacionado com literatura mas que também tivesse a ver comigo. Charneca em flor reúne essas 2 características. Primeiro Charneca em Flor é o título de um dos livros da minha poetisa preferida, a alentejana Florbela Espanca. Para além disso charneca é um tipo de terreno característico quer do Alentejo, onde estão as minhas origens, quer do Ribatejo onde nasci, cresci e ainda vivo. Logo, Charneca em Flor tem tudo a ver comigo. 

 

Para terminar aqui fica o soneto Charneca em Flor

 

Enche o meu peito, num encanto mago, 

O frêmito das coisas dolorosas... 

Sob as urzes queimadas nascem rosas... 

Nos meus olhos as lágrimas apago... 

 

Anseio! Asas abertas! O que trago 

Em mim? Eu oiço bocas silenciosas 

Murmurar-me as palavras misteriosas 

Que perturbam meu ser como um afago! 

 

E nesta febre ansiosa que me invade, 

Dispo a minha mortalha, o meu burel, 

E, já não sou, Amor, Sóror Saudade... 

 

Olhos a arder em êxtases de amor, 

Boca a saber a sol, a fruto, a mel: 

Sou a charneca rude a abrir em flor! 

 

Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"

 

 

"Amada Vida", Alice Munro

Charneca em flor, 02.02.14
Não tenho por hábito, nem curiosidade, procurar os livros do vencedor do Prémio Nobel da Literatura. Tem sido atribuído a escritores que o comum dos leitores, em que eu me incluo, normalmente não conhece. No entanto, em relação ao Nobel de 2013, ouvi e li umas quantas opiniões, algumas muito contraditórias. Tanto se disse que Alice Munro era a mestra do conto como se disse que a sua escrita e as suas histórias eram provincianas e versavam, apenas, uma determinada região do Canadá. O que é certo é que fiquei curiosa, não só pelas críticas, mas também pelo facto de os seus contos se passarem no Canadá porque, em 2009, passei 1 dia no Canadá entre as Cataratas do Niagara e Toronto e fiquei com muita vontade de conhecer este belo país. Como ainda não houve essa possibilidade, ler também é uma maneira de viajar. Posto isto lá me dispus a ler este livro. Como andei ocupada com outras coisas, demorei imenso tempo a terminá-lo. Não posso dizer que não tenha gostado mas soube-me a pouco para um Nobel. Talvez eu tenha tido azar com a obra que escolhi mas é suposto o Nobel premiar toda a obra, não é verdade? Se compararmos com Gabriel Garcia Marquez e José Saramago, por exemplo, Alice Munro saí mesmo a perder. Estes 2 Nobel foram geniais e Alice Munro é boa mas...

De qualquer modo, aqui fica um excerto: "Em jovem, eu vivia no fim de uma estrada comprimida, ou uma estrada que me parecia comprida. Atrás de mim, ao voltar para casa da escola primária, e mais tarde do liceu, ficava a vila propriamente dita, com o seu movimento e os seus passeios e a sua iluminação pública depois de escurecer. Assinalando os limites da vila, havia duas pontes sobre o rio Maitland: uma estreita ponte de ferro, onde os automobilistas tinham por vezes dificuldades em decidir quem podia atravessar e quem tinha de esperar, e outra pedonal, em madera, onde ocasionalmente faltava uma tábua, o que nos  permitia ver a àgua a correr lá em baixo, rápida e cintilante. Eu gostava daquilo , mas a tábua acabava sempre por ser reposta."

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