"A melodia do amor", Lesley Pearse
As férias, que já passaram, são uma excelente oportunidade para ler. Uma das obras que me encheram os dias e as noites de férias foi "A melodia do amor" de Lesley Pearse. Apesar de ter lido na versão ebook, isso não diminuiu o prazer da leitura. Já devo ter lido a maioria dos livros desta autora editados em Portugal e ela nunca me desilude. Os livros de Lesley Pearse têm em comum o facto de a personagem central ser uma mulher, uma mulher forte que enfrenta ventos e tempestades para ser feliz. No entanto, ela também constrói excelentes personagens masculinas. O enquadramento histórico também costuma ser muito bom. Em suma, são histórias bem construídas. A princípio fiquei um bocadinho aborrecida porque a história tinha alguns pormenores em comum. A heroína vive em Inglaterra, no século XIX, passa por muitas dificuldades e, a dada altura, resolve emigrar para os Estados Unidos da América. Beth, assim se chama a personagem, viaja acompanhada pelo irmão depois de perderem os pais. Acabam por ir para o Canadá por causa da corrida do ouro do Klondike. Beth tem um talento inato para tocar violino o qual a acompanha para todo o lado. A música ajuda-a a ganhar a vida e a arranjar forças para enfrentar os problemas e as tristezas. Ler Lesley Pearse ajuda-nos a ter esperança num amanhã mais feliz por mais negro que seja o momento presente. Como eu dizia no início, nunca me desilude.
"Os dedos dela deslizavam como mercúrio pelas cordas e arco fazia-as cantar. Movia todo o corpo ao ritmo da música, de olhos fechados e completamente absorta.
Sentiu mais do que viu o apreço do público: o bater dos pés tornou-se mais forte, e os que dançavam soltavam gritos de alegria. De repente, soube que fora para aquilo que nascera, para tocar uma música viva e alegre que a elevava a ela e aos que a ouviam até um lugar melhor. Esqueceu-se que estava num navio rodeada de pessoas de cara pálida e suja e sentiu-se como se estivesse a dançar descalça num prado salpicado de flores à luz do sol.
Quando a música acabou e voltou a abrir os olhos, viu que tinha levado toda a gente para o mesmo lugar. À sua volta só havia olhos brilhantes, sorrisos rasgados e rostos molhados de suor."