Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

A minha vida e os livros

Charneca em flor, 23.04.15

DSC03617.JPG

 

Hoje comemora-se  o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor. Desde há muitos anos que os livros são uma parte importante da minha vida. Sempre adorei ler mas, quando era miúda, nem sempre era possível comprar muitos livros. Para ultrapassar esse "pequeno" pormenor, o meu pai inscreveu-me na biblioteca como já escrevi aqui. Os livros foram a minha companhia na infância e na adolescência quando eu era, apenas, uma menina tímida. Com os livros sonhei e viajei pelo mundo da fantasia. Foram os meus companheiros de todos os momentos, os meus melhores amigos num tempo em que não havia chats, amigos do Facebook ou blogs. A minha vida é muito mais rica pelos livros que passaram pelas minhas mãos. Depois de ter vivido a infância e a adolescência dependente do espólio da biblioteca para ler assim que comecei a trabalhar uma das primeiras coisas em que gastei dinheiro foi a comprar livros, às vezes compulsivamente. Ali em cima está a minha estante, já desactualizada mas dá para ver a loucura. Faltam alguns que vou emprestando ao meu sogro e vou deixando lá por casa dele. Ou aqueles que termino de ler quando estou na casa da praia do meu namorido que também vou deixando por lá. Sempre é uma maneira de arranjar espaço para mais livros, logicamente. Só tenho pena de, ultimamente, deixar a tecnologia ir ocupando o lugar que os livros tinham no meu dia e na minha noite (tantas vezes li até de madrugada porque queria acabar uma história). Eu sei que é lugar comum mas há algo que nem a tecnologia mais avançada pode proporcionar, o  cheiro inconfundível de um livro novo.

Manoel de Oliveira 1908-2015

Charneca em flor, 02.04.15

Manoel de Oliveira morreu esta madrugada com 106 anos e trabalhou quase até ao último dia. A sua última obra foi uma curta-metragem "O Velho do Restelo" que estreou a 11 de Dexembro. Não tenho acompanhado a filmografia de Manoel de Oliveira. Pelo que me lembro, Aniki Bóbó foi o único filme que vi no tempo em que só havia 2 canais de televisão e a preto e branco. Aniki Bóbó data de 1942 e ilustra as aventuras e os amores de rapazes de baixa condição social da cidade do Porto. É uma invocação da infância pelo o olho da câmara, que recua à década de quarenta  no auge do regime fascista de Oliveira Salazar. Por outras palavras, Aniki Bóbó realça «a paixão de um tímido rapaz por uma rapariga da sua escola, paixão que o fará ultrapassar os limites ensinados pelo mundo adulto (ao roubar uma boneca e viver com a culpa do seu gesto)». Nesta história também se desenvolve um triângulo amoroso entre a Teresinha, o Carlitos e o Eduardo.

Mesmo só tendo visto 1 filme deste realizador consigo valorizar o facto de ele ter sido o mais velho realizador activo do mundo. É uma perda de relevo para o país mas pode-se dizer que Manoel de Oliveira viveu uma vida longa e plena.