Meridiano 28, Joel Neto
Ultimamente tenho lido a uma velocidade menor do que era meu hábito. Os olhos não ajudam mas tenho a vantagem de saborear melhor cada livro. Este Meridiano 28 já o andava a ler há algum tempo mas terminei-o na passada semana, no Aeroporto de Vantaa, Helsínquia. Pensando bem até é uma história que faz sentindo ler em viagem. Afinal, a acção passa por vários locais, maioritariamente, o Faial, Lisboa, Praga, Friburgo e até Nova Iorque. Para não falar nas várias viagens no tempo já que a história atravessa várias épocas. No fundo é uma história de amor(es) e de amizade em que o pano de fundo, em grande parte, é a Segunda Guerra Mundial, os anos que a antecederam e os anos que se seguiram e a sua influência no ambiente social faialense.
Já tinha lido outros livros de Joel Neto como "A vida no Campo" e "Arquipélago", cada um deles com a sua particularidade. Neste último romance, Joel Neto superou-se. A pesquisa histórica foi, de certeza, exaustiva tornando a história muito mais fidedigna. A forma como escreve e o encadeamento da história são fantásticos mas o final é, absolutamente, surpreendente. Meridiano 28 é a afirmação absoluta de Joel Neto como um dos melhores escritores do Séc XXI. Recomendo, sem dúvida.
"A primeira impressão que José Filemom teve da Horta foi essa: a de uma cidade que entardece à sombra, como se lhe houvessem amputado metade do dia. Aterrou no Faia., percorreu a costa sul da ilha, guinou frente àquele a que chamavam Monte da Guia e, durante todo o percurso do táxi, sentiu na pele o calor de um sol tão quente como inesperado. Mas, antes mesmo de encontrar a baía, deu por si imerso numa escuridão e, depois desta, numa névoa espessa, incapaz de descortinar um palmo à frente do nariz."
P.S. - Será que a história de José Filemom tem continuidade? Quanto a mim, muito ficou ainda por contar. Caro Joel, se algum dia ler estas palavras, pense nisso.