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Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

Sophia de Mello Breyner Andresen, Isabel Nery

Charneca em flor, 21.06.19

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Como já tenho escrito por aqui, gosto muito de biografias. Assim que descobri que este livro ia sair, resolvi logo que ele viria morar cá para casa. E não me arrependi. Este livro é um excelente trabalho da jornalista Isabel Nery. Percebe-se que fez uma extraordinária investigação para percebermos quem foi esta figura maior da cultura portuguesa do século XX. Para fazer este livro, Isabel Nery procurou as origens de Sophia chegando ao ponto de ir à ilha onde o seu bisavô Jan Andresen nasceu e de onde saiu na viagem que terminou, inesperadamente, no Porto. Nesta obra, descobrimos que Sophia foi, ao mesmo tempo, humana e divina. O livro aborda as origens, como já disse, a ligação com o mar, com a Grécia, a relação com a família incluindo a relação com Francisco Sousa Tavares e com os filhos, com os amigos, com outros escritores e a sua intervenção cívica e política. 

Este livro reforçou a minha convicção de que Sophia de Mello Breyner Andresen foi uma pessoa especial. Para além do seu talento, amplamente conhecido, encontrei uma personalidade peculiar, uma mulher, ao mesmo tempo forte e frágil, e que dominou a língua portuguesa como ninguém. 

Esta obra devia ser de leitura obrigatória para todos os portugueses, especialmente neste ano em que se comemora o centenário do seu nascimento.

"Mais do que um lugar, a Grécia passou a ser um estado de espírito. Uma explicação. Ao ponto de amigos e confidentes como frei Bento Domingues afirmarem que Sophia era composta por mar e cultura grega.

De facto, dificilmente se compreenderá a relação simbiótica entre ética, estética, poder e a poesia de Sophia sem rumar à Grécia. Agora não tanto ao território geográfico da luz pura, que idealiza, mas ao legado helénico da cultura que Homero, considerado o educador de todos os poetas, deixou ao Ocidente."

"E 《O Poeta》:

O poeta é igual ao jardim das estátuas 

Ao perfume do Verão que se perde no vento.

Veio sem que os outros nunca o vissem

E as suas palavras devoravam o tempo."

               Os Poetas, Sophia de Mello Breyner Andresen 

 

Eu comprava...

Charneca em flor, 12.06.19

Aqui há dias, enquanto atendia uma das minhas utentes, falávamos de coisas que nada tinham a ver com medicamentos. Veio à baila uma biografia de uma pessoa conhecida da terra bem como o falecimento de Agustina Bessa-Luís. Comentei que gosto muito de biografias e que estava a ler a biografia de Sophia de Mello Breyner Andersen. A dada altura digo eu: "Porque é que a senhora não escreve uma auto-biografia?! A senhora deve ter tido uma vida bem interessante (e teve, de facto, porque, através da profissão do seu falecido marido, viveu em vários países e deve ter conhecido pessoas  muito interessantes.)."

Ao que ela responde: "ah, não, nem pensar. Não se esqueça que eu fui casada com um escritor durante 35 anos. Escritora é que nunca seria."

"Que pena. Eu comprava a sua biografia" - disse eu.

"Eu escrevo mas só para mim. De resto já há muita gente a escrever livros. Não é preciso mais uma"

Olhando para as prateleiras dos bestsellers, tenho que concordar com esta sábia senhora. Há demasiadas pessoas a publicar livros. 

A verdadeira influência de Madonna

Charneca em flor, 11.06.19

Por aquilo que me apercebi, o novo disco da Madonna ainda não está disponível por completo nas plataformas de streaming. Também não sei se já está à venda. Confesso que tenho alguma curiosidade já que a artista diz que as experiências que viveu em Lisboa e em Portugal a inspiraram neste novo trabalho. Já ouvi as 3 músicas que foram divulgadas e, sinceramente, não dei por nenhuma inspiração lusa ou mesmo lusófona. Até aceito que o defeito seja meu tendo em conta que não sou grande entendida. No entanto, ontem, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, fez-se luz na minha cabeça 

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Madonna faz uma homenagem ao nosso maior poeta. Entra pelos olhos dentro 

Em parte incerta

Charneca em flor, 05.06.19

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No fim-de-semana passado, o Expresso noticiou que há 170 obras de arte, que pertenciam ao Estado, desaparecidas. A Direcção-Geral do Património Cultural tem conduzido um processo de inventário e classifica estas obras como estando em "localização desconhecida". Ou seja, em bom português, quer dizer que estão perdidas. A Sra Ministra da Cultura, Graça Fonseca, diz que "as obras não estão perdidas, estão por localizar. Esta Ministra parece-me um claro erro de casting de António Costa. Já tem tido atitudes muito arrogantes como esta, aliás. Sra. Ministra  não é por usar um eufemismo que a realidade é diferente. Se o seu Ministério não sabe onde estão as obras é porque estão perdidas. Se nós não conseguimos localizar um objecto é porque o perdemos ou então não sabemos onde estão. Que é o que acontece com estas obras. Ao longo dos anos, foram sendo emprestadas sem qualquer tipo de controlo. Será que não haverá, por aí, casas ricamente decoradas graças a estas distracções do sector da cultura?

 

Agustina Bessa-Luís, 1922-2019

Charneca em flor, 04.06.19

Ontem faleceu Agustina Bessa-Luís, um dos maiores vultos da literatura portuguesa. Curiosamente, nunca li nada dela. Sempre tive curiosidade pela figura de Agustina Bessa-Luís. A imagem que transparecia das imagens que nos chegavam pela comunicação social era a de uma pessoa sorridente e com um ar bem disposto. Um dia, ainda vou ler um livro dela.

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"Escrever é isto: comover para desconvocar a angústia e aligeirar o medo, que é sempre experimentado nos povos como uma infusão de laboratório, cada vez mais sofisticada. Eu penso que o escritor com maior sucesso é aquele que protege os homens do medo: por audácia, delírio, fantasia, piedade ou desfiguração."