A filha devolvida, Donatella di Pietrantonio
Li este livro em pouco mais de uma semana. Comprei-o por impulso. Não sei o que me chamou mais a atenção. Se foi o facto de se tratar de uma autora italiana (um dos meus países preferidos), se foi o título ou a foto escolhida para a capa. Os olhares destas duas jovens são verdadeiramente magnéticos. Seja qual tenha sido o motivo para ter pegado nele, valeu muito a pena. A história tem tanto de candura como de dureza. A articulação da história é cativante. Na primeira "cena" deste romance, escrito na primeira pessoa, encontramos uma adolescente de 13 anos que acabara de descobrir foi criada por um casal que, afinal, não eram a sua verdadeira família. Em simultâneo, a jovem é devolvida à família biológica, alegamente, por solicitação desta. Logo nos primeiros momentos, a jovem percebe que isso não deve ser a verdadeira razão da sua devolução. Depois de 13 anos de uma vida confortável e privilegiada, vê-se no meio de uma família numerosa, pobre e que não parece desejá-la. A relação com Adriana, a irmã mais nova que a recebe com alegria, e com o irmão mais velho, Vincenzo, vão-lhe dar forças para aguentar aquele novo ambiente e para continuar a tentar descobrir qual é o seu lugar no mundo e a perceber a verdadeira história da sua vida.
Este romance só tem um defeito. Quando acabou, fiquei com vontade para continuar a acompanhar a vida da jovem narradora e da sua pequena, e voluntariosa, irmã Adriana.
"Imobilizámo-nos diante uma da outra, tão sós e próximas, eu mergulhada até ao peito, ela até ao pescoço. A minha irmã. Como uma flor improvável, que despontara num pequeno grumo de terra preso a uma rocha. Com ela, aprendi a resistência. Hoje, somos menos parecidas fisicamente, mas a nossa noção de termos sido atiradas para o mundo permanece igual. A cumplicidade salvou-nos."
P.S - Ao ler esta autora italiana, fiquei cheia de saudades das personagens da Elena Ferrante. Está a chegar a altura de ler o último volume da tetralogia d' "A amiga genial".