Sempre que morre um escritor, a cultura fica mais pobre. Faleceu, ontem, Maria Velho da Costa, prémio Camões em 2002 entre outros inúmeros prémios com que foi agraciada ao longo dos seus 82 anos de vida.
O seu nome ficará para sempre associado ao livro "Novas Cartas Portuguesas" em co-autoria com Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno. Tenho ideia de ter trazido esse livro da biblioteca na adolescência mas não devia ter, ainda, maturidade para o ler porque lembro-me do título mas não me lembro do conteúdo. Se calhar tenho que voltar a tentar.
Aquela obra das Três Marias foi uma imensa pedrada no charco do Estado Novo porque se tratava de "uma obra literária que denunciava a repressão e a censura do regime do Estado Novo, que exaltava a condição feminina e a liberdade de valores para as mulheres". As autoras foram perseguidas pela PIDE/DGS e foram sujeitas a um processo judicial que ficou suspenso pelo 25 de Abril.
A sua voz, considerada renovadora nos anos 60 do século passado, nunca deixou de ser um bocadinho incómoda. Quando recebeu o Prémio Carreira da Associação Portuguesa de Autores afirmou "Os regimes totalitários sabem que a palavra e o seu cume de fulgor, a literatura e a poesia, são um perigo. Por isso queimam, ignoram e analfabetizam, o que vem dar à mesma atrofia do espírito, mais pobreza na pobreza".
As vozes incómodas têm feito sempre falta ao longo do tempo. Esta calou-se para sempre mas podemos sempre ouvi-la através daquilo que escreveu.
P.S. - post baseado nesta notícia.