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Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

A Cidade de Vapor, Carlos Ruiz Zafón

Charneca em flor, 31.01.21

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Este livro é uma pequena preciosidade. Carlos Ruiz Zafón faleceu em Junho de 2020. Esta obra estava a ser preparada quando o escritor ficou doente. Como acabou por falecer, esta reunião dos seus contos foi publicada postumamente. Zafón é um dos mais brilhantes escritores contemporâneos. Ninguém fica indifente às histórias que ele criou. A série "Cemitério dos Livros Esquecidos" é fenomenal. Ainda não me aventurei a ler o último, "Labirinto dos Espíritos", porque é uma empresa e tanto já que o livro tem mais de 800 páginas. Por isso foi com imenso prazer que li este pequeno tesouro. São, apenas, 11 contos, completamente, imersos no universo característico de Zafón. As ruas de Barcelona, as sombras, as névoas, as estranhas personagens são uma constante tal com a sua cativante maneira de contar histórias.. Até Gaudí, o brilhante arquitecto catalão, faz uma aparição num dos contos. Para quem ainda não leu nenhum dos livros de Carlos Ruiz Zafón, esta é uma obra para começar. Nestas páginas, Zafón parece "ensaiar" aquilo que, mais tarde, deu origem ao "Cemitério dos Livros Esquecidos". Para quem é fã, pode fazer a sua despedida do falecido escritor através destes pequenos contos.

"Sempre invejei essa capacidade que algumas pessoas têm de esquecer, pessoas para as quais o passado é uma mudança de estação ou uns sapatos velhos que basta condenar ao fundo de um armário para que fiquem incapazes de refazer os passos perdidos. Eu tive o infortúnio de recordar tudo e de tudo, por sua vez, se recordar de mim. Recordo uma primeira infância de frio e solidão,  de instantes mortos a contemplar o cinzento dos dias e aquele espelho negro que enfeitiçava o olhar do meu pai. Quase não tenho memória de nenhum amigo. Sou capaz de evocar rostos de miúdos do Barrio de la Ribera com que por vezes brincava ou lutava na rua, mas  nenhum que quisesse resgatar do país da indiferença. Nenhum exceto o de Blanca."

 

Desafio dos lápis de cor #castanho

No teu olhar

Charneca em flor, 27.01.21

Ataviada com o seu vestido novo, Sofia deixou-se convencer pelas amigas a ir até ao bar mais popular da cidade. Normalmente, preferia ficar em casa a ler do que ir para lá segurar a vela uma vez que era a única do seu grupo que não tinha namorado. Mas com o vestido azul-marinho sentia-se poderosa o suficiente para arriscar.
Sofia e as amigas foram, alegremente, em grupo até ao bar. Os namorados das outras esperavam-nas lá. Ao início da tarde, ainda lhe fizeram alguma companhia mas depressa se espalharam pelos recantos mais obscuros para namorarem. A jovem tímida viu-se sozinha na mesa bebericando um refrigerante. De vez em quando havia um colega da escola que metia conversa mas logo desaparecia. Foi, então, que reparou naquele rapaz que não conhecia. Também parecia pouco à-vontade como ela. Sofia foi-o seguindo com o olhar. Pressentindo que estava a ser observado, o rapaz virou-se na direcção de Sofia e o olhar dela prendeu-o. Ele sorriu e a jovem sorriu de volta mas a timidez de Sofia prevaleceu levando-a a desviar o rosto.
No coração do rapaz, nasceu uma enorme vontade de a conhecer. Os pais tinham-no arrastado para aquela nova cidade onde ele ainda não conhecia quase ninguém. Naquela tarde de domingo, resolvera dar uma volta e descobrira o bar. Como viu tantos miúdos da sua idade à porta, pensou em entrar para se começar a ambientar. Porque não começar por aquela rapariga que o observava? A sua expressão, diferente das miúdas que ele conhecia, despertara-lhe curiosidade.
Sofia sentia-se a tremer por dentro quando, pelo canto do olho, percebeu que o rapaz caminhava na sua direcção.
- Olá. Estás sozinha? Posso sentar-me aqui? – Sofia levantou o rosto e perdeu-se nos mais belos olhos castanhos que já vira. Sem conseguir articular palavra, acenou com a cabeça.
- Obrigado. Como te chamas?
A jovem encontrou um fiozinho de voz para responder:
- Sofia. E tu? – disse ela, muito baixinho.
- Tomás. Vivo cá há pouco tempo. Ainda não conheço muita gente. Como te vi aqui sozinha, pensei que não te importasses de me fazer companhia. Vens aqui muitas vezes?
- Nem por isso. Ao domingo, costumo ficar em casa a ler mas, hoje, as minhas amigas convenceram-me a vir.
- Que sorte a minha. – Tomás sorriu e olhou no fundo dos olhos dela. Sofia nem queria acreditar mas ele parecia, genuinamente, interessado em conhecê-la. Os romances que lhe preenchiam as horas sempre a tinham feito sonhar com um príncipe encantado loiro de olhos azuis. No entanto, começava a achar que o azul era sobrevalorizado. Se calhar, ela estava a conhecer o seu príncipe muito diferente do que imaginava. A começar naquele profundo olhar de tom castanho avelã.

 

Primeiro capítulo desta história de cordel

Continua a minha participação no Desafio da Caixa de Lápis de Cor, da Fátima Bento.

Onde Mora a Felicidade, Pearl S. Buck

Charneca em flor, 23.01.21

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Pearl S. Buck era uma escritora norte-americana que em 1938 se tornou a primeira mulher norte-americana a ser galardoada com o Prémio Nobel da Literatura. Esta autora nasceu no final do séc XIX e faleceu em 1973. Pearl S. Buck cresceu na China e viveu nesse país oriental até 1932, ano em que começou a Guerra Civil Chinesa. O tempo que viveu na China muito influenciou a sua obra. 

Eu nunca tinha ouvido falar nesta escritora mas esta bonita capa, bem como o título, foram muito apelativos. Comprei este livro há uns meses e peguei nele durante o meu isolamento.

A escrita é muito descritiva e muito bonita. Transporta-nos para o universo da casa de uma grande família chinesa e conseguimos visualisar cada recanto daqueles quartos, salas ou pátios. A história gira à volta de uma mulher, Madame Wu, que chega aos 40 anos e sente que a sua missão como esposa está terminada. Assim resolve separar-se, fisicamente, do marido e decide que ele deve receber uma concubina. Na altura em que a história se desenrola o sistema de concubinato começa a não ser muito bem visto pelas gerações mais novas. A intenção dessa decisão é a necessidade que Madame Wu sente de se desenvolver espiritualmente e de se instruir de uma maneira que não era habitual para uma mulher na sociedade chinesa. A sua mudança de vida vai influenciar todo o equilíbrio da casa Wu e modificar a vida da família.

O enredo é salpicado por imensas personagens deliciosas, umas mais densas do que outras,  que, juntas, contribuem para uma história cativante.

Gostei muito de ler este livro. A mestria de Pearl S. Buck consegue transmitir perfeitamente o lugar da mulher na sociedade chinesa da altura. A autora leva-nos a comparar esse papel com o papel da mulher nos dias de hoje e faz-nos pensar que, apesar do livro ter sido escrito há mais de 70 anos, ainda há muito por fazer. 

Na minha opinião, é um excelente livro. Intemporal.

"《A tua mente é excelente para uma mulher》, dissera ele por fim. 《Eu diria mesmo, minha filha, que se o teu cérebro estivesse dentro do crânio de um homem, poderias ter feito os Exames Imperiais e tê-los-ias passado com distinção e, dessa forma, ter-te-ias tornado um funcionário do Estado. Mas o teu cérebro não está dentro do crânio de um homem, está no de uma mulher. O sangue de uma mulber inspira-o, o coração de uma mulher pulsa nele e está circunscrito por aquilo que a vida de uma mulher deve ser. Numa mulher não está certo que o cérebro cresça para lá do corpo.》"

"Certo dia, lembrava-se muito bem, tinham estado sentados ali mesmo, na biblioteca, ele de um lado da grande mesa esculpida e ela do outro, não frente a frente, de tal modo que tivessem de olhar para o rosto um do outro, mas com a mesa entre os dois e ambos virados para as portas que davam para o pátio. Estava um belo dia, o ar extremamente límpido e o sol tão forte que as cores das pedras que pavimentavam o pátio, geralmente cinzentas, tinham matizes de azul e rosa, e veios de prata. As suas orquídeas estavam a florir, púrpuras. No lago, os peixes lançavam-se como setas e precipitavam-se sobre os raios de sol que entravam, oblíquos, dentro de água."

Ensaio sobre a Cegueira, José Saramago

Charneca em flor, 22.01.21

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Este ano decidi participar no desafio Uma Dúzia de Livros da Rita da Nova. Já tinha reparado, noutros anos, neste clube de leitura mas nunca tinha participado. E, se há pessoa que pode estimular a leitura, é Rita da Nova . Normalmente, num clube de leitura, todos os participantes lêem o mesmo livro, mais ou menos ao mesmo tempo. A Rita organiza isto de outra forma, a meu ver mais interessante. Em cada mês é proposto um tema diferente e cada participante escolhe aquilo que quer ler. Sendo assim, em Janeiro foi proposto este tema:

Um livro que já toda a gente leu menos tu

E o que é que eu, no pior mês da pandemia, decidi ler? Pois, "Ensaio sobre a Cegueira" de José Saramago. Provavelmente já todos sabem o tema desta obra. A história gira à volta de uma estranha doença contagiosa designada por Mal Branco. Esta patologia consiste numa repentina cegueira branca, ou seja, as pessoas passam a ver tudo branco. A pouco e pouco, todas as pessoas vão cegando menos uma. A mulher que nunca chega a cegar é a esposa do médico oftalmologista que atende o primeiro cego. Numa tentativa de conter a progressão da doença, o governo isola os primeiros afectados num antigo manicómio e a mulher do médico, apesar de conseguir ver, faz-se passar por cega para poder acompanhá-lo. A situação vai evoluindo e os cegos são cada vez mais. As condições em que as pessoas vivem vão-se degradando dia após dia. 

Mais do que uma história sobre uma epidemia, esta história é sobre a condição humana e sobre como é fácil perdermos aquilo que consideramos como garantido; a saúde, a liberdade, a alimentação, a habitação ou mesmo a vida. Saramago mostra-nos, com a sua mestria, como é tão fácil deixarmos de ser humanos para nos passarmos a comportar como animais que lutam pela sobrevivência. Mas, como uma luz, a mulher do médico prova-nos que, apesar de tudo, é possível haver bondade, amor, doação, amizade e solidariedade. Mesmo quando o panorama é negro, há sempre uma solução.

Saramago cumpre, mais uma vez, uma das mais importantes funções da literatura, fazer-nos pensar. Porque, no fundo, esta cegueira física pretende fazer-nos ver mais longe para percebermos que, como diz o povo, pior cego é aquele que não quer ver.

"Diz-se a um cego, Estás livre, abre-se-lhe a porta que o separava do mundo, Vai, estás livre, tornamos a dizer-lhe, e ele não vai, ficou ali parado no meio da rua, ele e os outros, estão assustados, não sabem para onde ir, é que não há comparação entre viver num labirinto racional, como é, por definição, um manicómio, e aventurar-se, sem mão de guia nem trela de cão,  no labirinto dementado da cidade, onde a memória para nada servirá, pois apenas será capaz de mostrar a imagem dos lugares e não os caminhos para lá chegar."

P.S. 1 - A caligrafia da capa é do músico Chico Buarque 

P.S. 2 - Também li, há pouco tempo, o "Ensaio sobre a Lucidez" que tem alguma relação com este livro. Não façam como eu. Leiam primeiro o "Ensaio sobre a Cegueira" e só depois este.

 

 

 

Desafio dos lápis de cor #azul marinho

Novo Capítulo

Charneca em flor, 20.01.21

A jovem deambulava pelas ruas da cidade. Procurava alguma coisa mas não sabia bem o quê. Os seus olhos pousavam nas montras mas nem via bem aquilo que as lojas exibiam.

Sofia era tímida, insegura e tinha poucos amigos. Na verdade, os seus verdadeiros amigos eram os livros que lia avidamente. Só vivia através das histórias que lhe preenchiam as horas livres. A sua alma perdia-se naquelas páginas. Era ali que sofria e se alegrava, que chorava mas também que se divertia. Só quando mergulhava naquelas letras se sentia completa. Foi assim que aprendeu o que era o amor, na ficção, porque, na vida real, nunca tinha amado. Bem, na verdade, sentira-se, algumas vezes, apaixonada mas nunca tinha sido correspondida.

A sua melhor amiga era a miúda mais popular da escola. Ana era muito bonita, inteligente, sociável, divertida. Todos gostavam dela, rapazes e raparigas. Era como uma luz que atraía todos a si, como mariposas à volta de uma lâmpada. Sofia e Ana conheciam-se desde os 6 anos e cresceram juntas mas, à medida que Ana desabrochava e se transformava numa jovem desejável, Sofia enroscava-se cada vez mais no seu casulo.

Perdida nos seus pensamentos, Sofia estava há vários minutos parada em frente a uma loja de roupa. A funcionária já tinha vindo espreitar cá fora mas achou com um ar tão distante que nem teve coragem de meter conversa. Uma travagem brusca na estrada teve o condão de a despertar. E foi então que o viu. Nunca os seus olhos tinham visto algo assim. Olhou para a etiqueta com o preço e fez contas de cabeça.
Naquele dia saíra, precisamente, para comprar um presente com o dinheiro que avó e o padrinho lhe tinham dado pelo seu aniversário. Fizera 16 anos há poucos dias. Obviamente, que o seu primeiro pensamento tinha sido gastar parte do valor mas a livraria não tinha nada mesmo interessante. E a mãe já não podia com tantos livros espalhados pela casa.
Voltou a olhar para o que estava no centro da montra e decidiu entrar. A funcionária acolheu-a com um sorriso. Ainda envergonhada, Sofia pediu para experimentar o vestido exposto. Nem queria acreditar no que sentiu quando viu a imagem que o espelho lhe devolvia. Sentia-se uma pessoa diferente, poderosa, segura. Seria possível que aquele vestido azul-marinho a tivesse mudado por dentro? Vestida assim sentia-se capaz de qualquer coisa. Com o seu vestido novo escreveria um novo capítulo, completamente diferente, da sua história.

 

Embora com pouca inspiração e com baixa força anímica, consegui arranjar ânimo para participar no Desafio da Caixa de Lápis de Cor da Fátima.

O Avesso da Canção

Um podcast à volta das palavras

Charneca em flor, 16.01.21

O confinamento está de volta embora não pareça porque o movimento nas ruas não diminuiu assim tanto. Pelo menos, é o que eu vejo da minha janela e pela televisão já que fui apanhada pelo "bicho". Mesmo assim haverá quem vá ficar mais tempo em casa. Das inúmeras coisas que se podem fazer para ocupar o tempo (ler, ver filmes ou séries,  arrumar gavetas, reorganizar a casa), hoje quero aqui deixar uma sugestão muito prática a meu ver.

Já n' "O Voo da Garça" falei de como gosto de podcasts. Nos últimos meses, descobri um novo podcast muito interessante. A ideia é da cantautora Luísa Sobral e chama-se "O Avesso da Canção". Durante cerca de 1 hora, Luísa Sobral conversa com outros autores para perceber como é o processo criativo de cada um para chegarem a algumas das canções das nossas vidas. Eu dou muito importância à mensagem que cada canção transmite e considero que a letra é tão, ou mais, importante que a música.

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Já passaram por lá autores de várias gerações como Carolina Deslandes, Mafalda Veiga, David Fonseca ou João Monge. São conversas muito interessantes à volta das palavras, da sua beleza e de como as palavras se deixam envolver pela música.

Felicidade, João Tordo

Charneca em flor, 14.01.21

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Li os primeiros livros de João Tordo na altura em que o autor foi premiado com o Prémio Saramago em 2008 com o romance "As três vidas". Nessa altura o livro premiado do qual gostei muito, li "O Bom Inverno" e o mais antigo "O Livro dos Homens sem Luz". Depois foram-se infiltrando outras leituras e fui-lhe perdendo o rasto embora fosse acompanhado a sua evolução como escritor. Há muito que não lia nada dele até João Tordo publicar este "Manual de sobrevivência de um escritor". Gostei tanto que resolvi dar uma nova oportunidade a este escritor e tive muita pena de não ter lido aquilo que foi publicando ao longo dos anos. 

"Felicidade" foi um dos últimos livros que li em 2020 e posso dizer que foi um dos melhores. A história começa em 1973 quando a personagem principal tem 17 anos e se apaixona por Felicidade, uma das trigémeas que fascinavam todos os colegas do Liceu Passos Manuel. Esse primeiro amor termina de forma extremamente trágica influenciando a maneira como o jovem vai crescer e determinando o adulto que será. As trigémeas têm um tal magnetismo que o jovem nunca mais se conseguirá afastar delas e a sua vida vai-se enredar, de forma indelével, na vida das trigémeas. Ao mesmo tempo, e como pano de fundo, vemos como o país foi evoluindo ao longo das últimas décadas.

João Tordo construiu, com muito talento, uma história surpreendente e inesperada repleta de personagens fascinantes, cada uma com a sua particularidade. O enredo é tão intenso e tão bem escrito que me senti imersa nas situações que as personagens atravessam. É muito difícil largar o livro porque queria saber o que mais ia acontecer àquelas personagens mas, ao mesmo tempo, a intensidade deste romance deixava-me emocionalmente esgotada levando-me a pousar o livro para descansar. Uma obra verdadeiramente brilhante.

"A vida começou com Felicidade. Embora as três frequentassem a mesma turma e fossem em tudo idênticas (as mesmas roupas, o mesmo corte de cabelo, a mesma distância que mantinham dos outros), eu sentia-me atraído pela irmã que andava sempre no meio, encaixada entre as outras duas, uma espécie de líder daquela pequena seita. Felicidade caminhava com a leveza de uma nuvem e a segurança de um pêndulo. Havia um sorriso quase permanentemente nos seus lábios - não de troça, mas de bonomia - , nos seus olhos castanhos-mel (grandes, redondos) reflectia-se um universo a que eu aspirava. Cheirava a limão; sempre que passava por mim, eu inspirava com mais força, para reter o seu perfume."

Bairro da Graça, Leo Middea

Charneca em flor, 13.01.21

Descobri este músico brasileiro no programa "Concerto de Bolso" da TSF. Leo Middea vive há alguns anos em Portugal e, em 2020, editou o disco "Vicentina" depois de andar pelas ruas a pedir 1€ a quem o quisesse ajudar.

Deixo-vos o vídeo nitidamente pré-pandemia. Olhando para todas estas pessoas parece tudo tão estranho.

 

P.S. - O post musical que costuma sair às 2as feiras chegou atrasado devido aos problemas que tem havido com o upload dos vídeos. Tenho estado em contacto com o Pedro Neves e, finalmente, o problema resolveu-se. Obrigada a toda a equipa do Sapo Blogs. São fantásticos.

 

 

 

 

 

 

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