Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

E não sobrou ninguém, Linda Martini

Charneca em flor, 08.02.21

Não sou grande conhecedora da música dos Linda Martini mas, quando descobri esta música achei logo que a queria partilhar. Esta música baseia-se no poema "E não sobrou ninguém" do pastor luterano alemão Martin Niemöller que, devido à sua oposição ao regime de Adolf Hitler, esteve preso  em campos de concentração. Os Linda Martini chamam a atenção para a discriminação, o preconceito e a injustiça. E, nos tempos que vivemos, é importante reflectir nestas problemáticas.

 

"Preto, negro, de cor escura
Branco ou cor-de-rosa, como cal em pedra dura
Chinês made in Taiwan, amarelo, olhos em bico
Um cigano, um do leste e um zuca
Entram num bar com um ar aflito

Por cada braço em riste
Será que te riste
Ou levaste a sério?
Quando vierem por ti amanhã
Vais gritar “ai mamã, ai mamã
Cresceu-me um império de ódio no cu!”

Ai, que te roubam o trabalho
A mulher, o salário, ai
A bandeira, o país
Ai, a culpa é dos outros
Tu pagas impostos, não é?
Só queres ser feliz

A minha pele é cor de água
A minha pele é cor de vidro
A minha pele é cor de mágoa
Um tom qualquer desconhecido

A tua pele é cor de pó
A tua pele é cor de mofo
A tua pele é uma cor só
Um tom qualquer, eu nem te oiço"

 

Boa semana

 

Desafio dos Lápis de Cor #preto

Noite Escura

Charneca em flor, 03.02.21

Sofia abrira os olhos mas, à sua volta, só via a mais negra escuridão. Aquela noite ia ser a mais longa da sua vida, sentia-o. Não conseguia dormir. O seu coração estava tão negro como o quarto com a desilusão que tinha sofrido.

Na tarde de domingo tinha conhecido aquele que acreditara ser a sua alma gémea. A conversa prolongara-se durante algumas horas com tal intensidade que parecia que se conheciam desde sempre. Tomás contara-lhe tudo sobre a terra donde vinha. Sofia falara-lhe da sua grande paixão, os livros. Ele acompanhara a casa para ela lhe emprestar alguns livros e despediram-se com um beijo no rosto. Mas tinha sido mais do que um beijo de amizade. Os lábios de Tomás aproximaram-se tanto dos lábios de Sofia que lhe tocaram no cantinho da boca. Um beijo quase inocente mas tão carregado de sensualidade que ela sentira as borboletas na barriga de que os romances falavam.

- Vemo-nos na escola? – perguntara Tomás, em tom de promessa ao que Sofia concordou com o olhar. Mas a semana já ia a meio e ainda não se tinham cruzado. A timidez da jovem não lhe permitia ter a iniciativa de ir procurá-lo como as amigas aconselhavam. Assim, de dia para dia, Sofia ia ficando mais triste, com a alma cada vez mais negra. A sua insegurança fazia acreditar que Tomás só tinha querido divertir-se à sua custa. Ele devia ter percebido a sua falta de jeito para lidar com rapazes e nunca tinha feito intenção de a procurar na escola.

A noite continuava mais escura que o habitual. Sofia sabia que era noite de lua nova mas achava estranho que a iluminação da rua não entrasse pelas frestas das persianas. Foi, então, que reparou que o seu rádio-despertador não exibia o horário. Agora percebia aquela estranha negritude que combinava com o seu estado de espírito.

De repente, ouviu um barulho que a assustou. Será que tinha ouvido bem? O som vinha da sua varanda, parecia que uma pedra tinha lá caído. Só havia uma maneira de descobrir, abrir as persianas e espreitar lá para fora. Às apalpadelas, lá conseguiu chegar até à janela. Fazendo o menor barulho possível, levantou as persianas. Nesse momento, como por magia, as luzes da rua voltaram a brilhar e Sofia descobriu um pequeno embrulho. Era uma pedra da calçada embrulhada num papel. Olhou para a rua que parecia tão silenciosa como era habitual. Não se via vivalma. Pelo canto do olho, tivera o vislumbre de um blusão preto que dobrava a esquina mas quando virara para lá o rosto já não conseguira descortinar ninguém.

Novamente deitada na cama, e esperando que os pais nada tivessem escutado, desembrulhou aquilo que parecia um bilhete. Escrito a tinta preta, começava assim:
“Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que fez a tua rosa tão importante”*

 

Participam neste Desafio da Caixa de Lápis de Cor da Fátima Bento, as brilhantes Concha, A 3a Face, Maria Araújo, Peixe Frito, Imsilva, Luisa de Sousa, Maria, Ana D, Célia, Gorduchita, Miss Lollipop, Ana Mestre, Ana de Deus, Cristina Aveiro, bii yue e o brilhante  José da Xá

 

*"O Principezinho" de Antoine Saint-Exupéry foi um dos livros que Sofia emprestou a Tomás

Actualização: capítulos anteriores

Azul Escuro

Castanho

drivers license, Olivia Rodrigo

Charneca em flor, 01.02.21

Habitualmente, ouço música portuguesa ou lusófona. Como tal as músicas que partilho nos blogues são cantadas em português, ou quando cantadas em inglês, escritas por autores lusófonos. Mas esta semana abri uma excepção para esta música que está a fazer furor por todo o mundo.

Olivia Rodrigo é uma jovem actriz de séries da Disney mas que também canta e compõe maravilhosamente. Esta música, e o vídeo que partilho, é muito, muito bonita e torna-se, ainda, mais brilhante por ter sido escrita por uma miúda que ainda nem fez 18 anos.

Boa semana.

Pág. 3/3