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Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

La Boca Junta, Melendi, Mau e Ricky

Charneca em flor, 30.08.21

Hoje, no dia em que regresso ao trabalho depois das férias, volto a partilhar uma música espanhola que ouvi na semana em que passei no Algarve mais profundo.

O espanhol Melendi interpreta uma divertida canção com o duo venezuelano Mau e Ricky. Ouçam e digam lá se não dá vontade de dançar num qualquer Sunset de fim de Verão?!

Boa semana

A Pequena Farmácia Literária, Elena Molini

Charneca em flor, 28.08.21

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  • Este livro estava guardado, há uns meses, para ser lido neste mês de Agosto. O tema mensal do clube de leitura a que aderi #umadúziadelivros era "um livro veranil". Esta capa chamou-me a atenção na primeira vez que entrei na livraria que abriu, este ano, na rua onde trabalho. Achei que se adequava ao tema pelo que li na sinopse e por se passar em Itália, um dos meus países preferidos que rima com "férias" pelo menos para mim .

Realmente este livro cumpriu o seu objectivo, leve, divertido, adequado para ler na praia ou à beira da piscina entre um mergulho ou outro. Partindo de um facto verídico, a existência de uma farmácia literária propriedade da autora, é construída uma história engraçada, romântica e com muitos livros à mistura. Também chama a atenção para as dificuldades que enfrentam aqueles que ousam abrir uma livraria independente dos grandes grupos económicos e editoriais. 

O conceito de biblioterapia, ou seja, utilizar os livros como instrumento de prevenção ou cura em processos de doença psicológica ou alterações emocionais já existe há muitos anos aparecendo, pela primeira vez, num dicionário médico em 1941. A título preventivo pode ser aplicado por livreiros, como é o caso de Elena Molini, ou bibliotecários. Como tratamento é utilizado por alguns psicólogos.

Fiquei muito curiosa com o conceito ainda mais devido à minha profissão. Um dia destes, vou tentar convencer a proprietária da farmácia onde trabalho a organizarmos lá uma secção de biblioterapia .

Voltando ao livro, adequou-se ao tema mas não posso dizer que é um grande livro mas lê-se muito bem e distrai. E, às vezes, é só isso que é preciso.

"Sucede na vida sentirmo-nos perdidos, acabados. Sentirmos que nos estilhaçámos em mil pedaços, olharmos à volta sem saber por onde começar apanhá-los. Tentamos reconstruir o que se partiu para que tanto quanto possível volte a assemelhar-se a como era antes. Mas já não conseguimos juntar de novo esses pedaços. Não há maneira de encaixarem. E não encaixam porque na realidade não são os nossos.

Esses pedaços são todos os sábios conselhos que fomos seguindo ao longo dos anos, que pareciam tão sensatos, e que no entanto nos levavam para longe do nosso verdadeiro Eu. São todas essas decisões que tomámos por 《sim, vá, é melhor assim》, e contudo não era melhor assim, era só mais confortável."

 

Eliete - A vida normal, Dulce Maria Cardoso

Charneca em flor, 26.08.21

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Este mês de Agosto tem sido profícuo em leituras também devido ao facto de estar de férias desde dia 15. "Eliete" foi um dos primeiros livros que terminei. 

Um àparte que se impõe, as capas da Tinta da China são lindas, não são?!

Dulce Maria Cardoso não tem muitos livros publicados em comparação com outros escritores portugueses o que transforma cada obra sua numa preciosidade. Não que eu seja uma especialista já que este é, apenas, o segundo livro que leio dela para além das crónicas da Visão. No ano passado, li "O Retorno".

Outra curiosidade é o facto de ter escolhido este livro depois de ter lido este uma vez que, ambos os autores, utilizam a figura histórica de Oliveira Salazar como personagem de ficção.

"Eliete" é a história de uma mulher de 40/50 anos que se vê confrontada com o passar do tempo que lhe traz uma série de problemas como o envelhecimento e a deterioração da sua avó, uma das figuras mais importantes da sua vida. O livro começa num hospital, exactamente porque a sua avó sofre um acidente decorrente da deterioração da sua mente. Esse acontecimento vai despoletar em Eliete uma espécie de análise da sua vida, de quem ela se tornou e de quem ela queria ter sido. Regressamos com ela à sua infância, à adolescência e início da vida adulta. Todos esses pensamentos fazem com que Eliete comece a questionar tudo aquilo que se julgava garantido como o seu casamento, por exemplo.

Dulce Maria Cardoso aborda alguns assuntos muito interessantes como o envelhecimento e o apoio social aos idosos, a doença de Alzheimer ou a influência da internet e das redes sociais na nossa vida e na maneira como nos relacionamos com os outros mesmo com aqueles com quem vivemos. O subtítulo diz tudo, este é um livro sobre a vida normal porque a história de Eliete podia ser a história de qualquer mulher de meia-idade* mas contada de forma magistral como a autora tão bem sabe fazer.

A escrita de Dulce Maria Cardoso é tão cativante mas, ao mesmo tempo, sem grandes complicações o que faz com que a obra se leia com muita facilidade.

Este livro é a primeira parte mas a autora pretende que a história tenha continuação. Infelizmente, algumas circunstâncias da sua vida pessoal têm dificultado o desenvolvimento da história. Espero que  Dulce Maria Cardoso consiga desenvolver o que falta contar desta história porque eu já tenho saudades da Eliete.

"Assustava-me que três dias da minha vida tivessem desaparecido, que por mais que me esforçasse não conseguisse resgatar qualquer memória do que neles se tinha passado. Havia uma ameaça em tudo o que era incompreensível e o apagão, como passei a chamar-lhe, aterrorizava-me. Era natural que o choque da morte do papá tivesse provocado um curto-circuito na minha cabeça, se é que se podia assemelhar o cérebro a uma instalação eléctrica, mas era estranho que eu me lembrasse tão bem de tudo até ficar sozinha no quarto e que não tivesse uma imagem sequer do funeral e do velório do papá. Para onde tinham ido aqueles três dias que continham esses momentos tão importantes?"

 

*expressão horrível  .

Magia, Alvaro Soler

Charneca em flor, 23.08.21

Estou de férias .  A minha primeira semana de férias foi passada no Algarve, numa zona de serra, muito perto de Espanha. O meu telemóvel teimou que estava em Espanha e ninguém o convenceu do contrário .  No carro ouvia-se muito bem uma das estações espanholas que mais apreciamos quando andamos por lá, Cadena 100. Quer dizer que, nas poucas viagens de carro que fizémos, a banda sonora foi, maioritariamente, em castelhano.

Assim escolhi esta música de Alvaro Soler para animar a vossa semana. O vídeo é bem bonito e adequado a uma plantlover como eu.

Boa semana.

 

Ready (Mulher batida), Orelha Negra e Garota Não

Charneca em flor, 16.08.21

Esta música dos Orelha Negra já tem alguns anos mas eu só a descobri agora nesta nova versão com letra da Garota Não*. Através das suas palavras, a cantautora pretende apelar à Dignidade da Mulher em todos os aspectos da sua vida. 

O vídeo que acompanha esta versão tem a particularidade de contar com a artista plástica Mázinha que executa uma pintura que foi, posteriormente, doada à União Audiovisual para ser leiloada e para que o valor obtido seja destinado ao sector artístico.

*Garota Não é o projecto da cantautora setubalense Cátia Mazari Oliveira.

Be where your feet are, Jason Mraz

Charneca em flor, 09.08.21

Andava eu em busca de uma música nova para partilhar convosco, quando encontrei este vídeo no Youtube. Não conhecia esta música mas achei que combinava com o Verão e com o meu espírito pré-férias. 

Às vezes é tão difícil manter a nossa cabeça no mesmo sítio onde estão os nossos pés 

 

 

Boa semana.

 

"Deus Pátria Família", Hugo Gonçalves

Charneca em flor, 07.08.21

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O mais recente livro de Hugo Gonçalves é muito difícil de classificar. Será um romance histórico? Uma distopia, no sentido em que apresenta uma realidade histórica alternativa? Um policial? Não se consegue classificar porque é isso tudo e muito mais. Aquilo que se percebe é uma exaustiva pesquisa histórica de modo a que a ficção engendrada pelo escritor não seja desprovida de lógica. Aliás, nem sempre se consegue perceber onde acaba a verdade histórica e começa a genial criatividade da narrativa criada por Hugo Gonçalves.

O enredo centra-se, principalmente, no Portugal do início da década de 40 do século passado embora recue aos Estados Unidos dos anos 20, ao período que se seguiu à Primeira Grande Guerra.

A historia parte da premissa de que o afastamento de Salazar do poder conduz o país a uma certa radicalização de posições com o surgimento de uma nova personalidade ao comando dos destinos do país. Esta mudança leva Portugal a abandonar a sua neutralidade no conflito europeu*, unindo-se às Potências do Eixo com as consequências que daí advêm. Na mesma altura, a personagem central desta obra, o detective Luís Paixão Leal, vê-se a braços com a investigação acerca da morte de várias jovens mulheres cujos corpos são encontrados estranhamente amortalhados.

O livro está muito bem escrito provando que o acto de escrever um livro precisa tanto de inspiração como de transpiração. A história está muito bem trabalhada levando-nos a acreditar que esta realidade alternativa criada por Hugo Gonçalves podia muito bem acontecido. As personagens foram construídas com mestria e realismo. 

Só tenho uma coisa a apontar, achei as críticas à religiosidade exageradas, embora compreensíveis dado o enquadramento social e histórico bem como à história construída só que não era preciso ir tão longe. Mas talvez seja só a minha sensibilidade judaico-cristã a manifestar-se.

Este livro é mais um exemplo de que a literatura, mais do que distracção, deve levar-nos a questionar as nossas certezas bem como a sociedade que nos rodeia e o mundo em que vivemos. A acção de "Deus Pátria Família" decorre no século passado mas, infelizmente, muito daquilo que aqui se conta podia repetir-se nos dias de hoje.

"Este é o século em que as ideologias logram aquilo que só  a religião alcançou: convencer as massas da existência de um Paraíso. Os mecanismos são idênticos, substituindo-se Deus por um líder providencial. Mas, se a religião remete o bónus do Éden para depois da morte, o fascismo e o comunismo garantem a construção desse lugar perfeito ainda em vida. Cardoso já antecipa o descalabro de tanta ilusão e ortodoxia, a entrega com que muitos seguem um sistema de ideias como num culto suicida, sem um questionamento que seja. O detetive não embarca em cruzadas políticas ou espirituais."

*Segunda Guerra Mundial 

 

Vitor Kley, Menina Linda

Charneca em flor, 02.08.21

O brasileiro Vitor Kley passa grandes temporadas em Portugal por causa da relação amorosa que mantém com a actriz portuguesa, Carolina Loureiro. Quase que se pode considerar "um dos nossos". É uma figura muito querida e simpática. Tem mesmo ar de bom rapaz. Há dias lançou uma nova música, "Menina Linda", e eu escolhi-a para alegrar a vossa 2a. feira.