O Palácio de Papel, Miranda Cowley Heller
Quase que me esquecia de falar do último livro que li em Outubro. "O Palácio de Papel" foi uma das escolhas do passado mês do Clube do Livra-te da Rita da Nova e Joana da Silva. Este livro é o primeiro romance da autora. Miranda Cowley trabalhou na imprensa mas também foi produtora de séries televisivas de sucesso.
A acção d' "O Palácio de Papel" decorre durante as vinte e quatro horas mais decisivas da protagonista Elle. Tudo começa numa manhã de Agosto enquanto Elle está de férias com a família no local de sempre, "O Palácio de Papel". Entrelaçadas, com as decisões que Elle sente que tem que tomar, estão as suas recordações mais felizes mas também as mais dolorosas e dramáticas. Através desses recuos vamos percebendo com é que a vida da protagonista chegou ali, ao momento em que terá de decidir a segurança de um amor adulto ou a quimera do primeiro amor.
Gostei muito deste livro, a história é fantástica, e surpreendente nalguns pontos e as personagens foram muito bem construídas, embora umas mais realistas do que outras. A personagem que mais me encantou foi Wallace, a mãe de Elle. E adorei a relação entre ela e o genro, Peter. Que diálogos deliciosos. Só achei que a organização dos capítulos e nomes atribuídos a cada capítulo não tinham muita lógica induzindo alguma confusão no leitor.
A escrita de Miranda Cowley Heller é muito cinematográfica e gostaria de ler mais romances escritos por ela. Não vai para a lista dos livros com 5 mas fica perto.
"Largo o robe para o chão e fico nua a beira da água. No outro lado da lagoa, além dos pinheiros e dos arbustos, o oceano ruge, furioso.Deve trazer uma tempestade no seu âmago, chegada de algures no mar alto. Mas aqui, a beira da lagoa, o ar continua calmo e sereno. Espero, observo, escuto... os piados, o zumbir dos pequenos insetos, um vento que agita suavemente as folhas das arvores. Depois entro até aos joelhos e mergulho de cabeca na água gelida. Nado até fora de pé, além dos nenúfares, levada pelo entusiasmo, pela liberdade, pela adrenalina advinda de um pânico inexprimível. Tenho medo que uma tartaruga-mordedora chegue das profundezas e me trinque os seios pesados. Ou talvez seja atraída pelo cheiro a sexo que se liberta quando abro e fecho as pernas. De repente, sinto-me assoberbada pela necessidade de voltar a seguranca dos baixios, onde consigo ver o fundo arenoso. Quem me dera ser mais corajosa. Mas também adoro o medo, o fôlego que me fica preso na garganta, o coração aos saltos quando saio da água."