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Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

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A morte do comendador, Haruki Murakami (vol I)

Charneca em flor, 02.04.19

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Começo já por dizer que sou fã incondicional de Murakami. Já li vários livros deles embora só hoje tenha reparado que só fiz, aqui, 2 posts sobre livros dele. Imagino que tenha sido porque as histórias de Murakami são tão apaixonantes e envolventes que me deixam sem palavras. Aliás, este deixou-me literalmente de boca aberta sem conseguir dizer nada porque acabou de uma forma abrupta. Tudo para abrir o apetite para ir à procura do II volume. 

A figura central deste romance é um pintor de retratos encomendados é surpreendido pela decisão da mulher se separar dele. O seu mundo fica virado do avesso. Depois de fazer uma longa viagem pelo norte do Japão, vai viver para a casa do pai de um amigo que ficara vazia quando o proprietário vai para um lar. A casa fica numa montanha, num lugar isolado. Parece o lugar ideal para voltar a pintar como na juventude mas a inspiração não aparece até que o personagem principal/narrador conhece um homem estranho mas fascinante que lhe encomenda o seu próprio retrato. E esse encontro vai ser primordial para que o pintor reencontre a sua arte. O génio e o estilo peculiar do escritor japonês prenderam-me até à surpresa da última página. Os acontecimentos estranhos, fantasiosos e inverossímeis voltam a ter presença ao longo da história.

Tal como noutras obras, Murakami entrelaça outras formas de arte na literatura como sejam a pintura e a música. Dei por mim a procurar óperas no Youtube e quadros no Google. Ler Murakami é sempre sinónimo de momentos muito bem passados.

"Só se avistava uma fiada de luzinhas de presença. Como pouco antes, não se ouvia um pio. O que teria acontecido aos insectos?

Passada um bocado, captei um barulho insólito. Ou seria imaginação minha? Um som praticamente inaudível. Se os insetos estridulassem, como era seu apanágio, provavelmente não teria dado por ele, mas o excessivo silêncio permitiu-me ouvi-lo. Retive a respiração e pus-me à coca. Os insectos não eram para ali chamados. Aquele som nada tinha de natural. Era o som produzido por um utensílio ou um instrumento. Uma espécie de tinido. Se não era de um sino, andava lá perto."