As Coisas que Faltam, Rita da Nova
Este livro entrou na minha vida muito antes do seu lançamento que ocorreu há quase 4 meses. Acompanho a autora há muitos anos seja através do seu blog, do Instagram ou dos podcasts. A Rita tem feito um óptimo trabalho ao nível do estímulo da leitura junto dos seus inúmeros seguidores e acredito que tem contribuído para que muitos jovens tenham começado a ler. Já há muito que a Rita partilhava connosco seu sonho de escrever um livro e durante o processo de escrita foi lançando alguns pormenores que nos aguçavam o apetite.
Quando o seu primeiro livro, a solo*, se tornou uma realidade, fiquei muito feliz e não podia faltar ao lançamento do seu "As Coisas que Faltam". Para mim, foi um momento muito emotivo. Claro que o li com avidez apesar de estar com alguns problemas oculares na altura. A experiência de leitura foi maravilhosa desde a dedicatória até à ultima linha dos agradecimentos.
Em "As Coisas que Faltam" acompanhamos o crescimento de Ana Luís a partir do momento em que, habituada a que lhe digam que não, resolve perguntar à mãe se podia conhecer o pai. Ana Luís tinha só 8 anos mas já nessa idade sentia que havia algo que lhe faltava para se sentir completa. Ao longo deste livro vamos acompanhando esta busca, não só pelo pai que não conhece, mas também pelo seu lugar no mundo.
A história de Ana Luís tem a simplicidade de uma história, aparentemente, comum e a profundidade daquilo que guardamos no mais fundo da nossa existência. O que será que mais nos define? Aquilo que nos falta ou aquilo que esteve sempre ao nosso lado? Aquilo que não passou de um sonho ou aquilo que conseguimos realizar?
A escritora Rita da Nova escreveu um livro bem ao gosto da Rita da Nova leitora. Uma boa história, bem escrita, emotiva e com o tamanho certo para nos cativar sem nos maçar .
Embora a minha vida tenha sido muito diferente da vida de Ana Luís, senti por ela uma enorme empatia e identifiquei-me muito com a jovem.
Como já se tornou óbvio, recomendo muito a leitura d' "As Coisas que Faltam". Que seja um bom estímulo para a escrita do seu próximo livro.
"Há quem diga que «família feliz» é só o nome de um prato que se encontra nos restaurantes chineses. E, de facto, partilhar o mesmo sangue é mais vezes causa de conflito que de tranquilidade. As famílias são ecossistemas, e os ecossistemas têm uma tendência natural para o caos, para a confusão, para o combate - como uma casa que, mal se acaba de limpar, começa logo a dar sinais de sujidade. Pode dizer-se tudo isto sobre todas as famílias do mundo, mas eu não conseguia acreditar que a família do meu pai, aquela trindade perfeita, pudesse ser qualquer outra coisa senão a família mais feliz que alguma existiu."
*A Rita da Nova já, anteriormente, publicara "Terapia de Casal" em co-autoria com o seu marido e parceiro do podcast com o mesmo nome, Guilherme Fonseca.