"Bela", Ana Cristina Silva
A figura de Florbela Espanca sempre me fascinou. Como já partilhei aqui, um dos seus poemas serviu de inspiração para o nome blogosférico, Charneca em Flor.
Através dos seus poemas, tive o primeiro contacto com a poesia. Florbela Espanca escreveu sobre o amor, a dor, o sofrimento e, com este romance, consegui compreender a razão para que Florbela tivesse escrito da maneira como escreveu.
Já li outros livros de Ana Cristina Silva mas, para mim, este é o meu preferido. A autora conseguiu transmitir a existência perturbada de Florbela Espanca de forma magistral. Gostei muito da maneira como o romance foi estruturado e da relação estabelecida entre as várias personagens. Ao longo da história, senti uma imensa empatia por "Bela" e sofri com ela. Comparando a condição feminina de hoje em dia com a época em que "Bela" viveu, percebe-se que, apesar de tudo, já foi percorrido um longo caminho. Muito do que "Bela" vivenciou foi influenciado pelo facto de ser mulher. A sociedade não foi capaz de a compreender.
Recomendo vivamente a leitura deste livro.
"Aquele instante marca uma fronteira, um sinal que levou à criação de uma nova história para a minha vida. Tinha descoberto que as palavras poéticas podiam sarar feridas. No dia seguinte, o meu pai voltou a partir e eu passei a sonhar com os lugares imaginários onde ele me poderia levar quando fosse mais crescida. Para sobreviver à madrinha, nas minhas fantasias, renascia poeta e o meu destino cruzava-se com versos incendiários lançados à multidão."