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Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

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Cadernos da Água, João Reis

Charneca em flor, 12.09.22

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De vez em quando, ouvia falar de João Reis e dos seus livros. Até ouvi o próprio autor num podcast sobre livros e escritores. Como gostei tanto de o ouvir, comecei a segui-lo no Instagram e foi aí que vi a divulgação da publicação do seu livro mais recente, "Cadernos da Água". Como achei que a premissa era interessante, acabei por comprá-lo.

"Cadernos da Água" é uma história contada a várias vozes embora predomine a voz de uma mulher portuguesa, Sara, que se encontra refugiada, com a filha, num país nórdico. Sara escreve num caderno sobre o seu dia-a-dia tendo como destinatário o marido. Portugal já não existe uma vez que o Estado Português se dissolveu. A Península Ibérica bem como o resto da Europa e o Médio passaram por uma série de situações que conduziram a uma sequência de conflitos. O cenário é de seca extrema, a falta de água está na origem da maioria dos conflitos e provocou uma onda de refugiados do Sul da Europa em direcção aos países nórdicos onde a situação não é tão insustentável.

Tendo em conta o tema, foi irónico ter escolhido ler este livro no mês de Agosto quando estava de férias no Algarve rodeada de sinais da seca em que o país se encontra. 

A experiência de leitura deste livro inspirou-me sentimentos contraditórios. Por um lado, gostei muito da escrita do João Reis o que me fez ler o livro avidamente para perceber para onde a história ia. Por outro lado, ficava angustiada com aquilo que as personagens tinham que passar pela falta de água. Enquanto lia, e uns dias depois de acabar, sentia-me "culpada" por usufruir de água em quantidade mais do que suficiente. 

Não sei se hei-de considerar  "Cadernos da Água" como distopia ou como uma profecia. Temo que o mundo imaginado por João Reis não esteja assim tão distante.

"OS ÚLTIMOS DIAS FORAM ESTRANHOS. Não aconteceu nada de muito novo, por um lado. Por outro, não posso dizer que tenham sido agradáveis. E como se me fosse habituando a uma realidade má com receio de que ela ainda possa piorar. Poderá sempre piorar, é um facto, mas a rotina e o acumular dos dias não tornam esta realidade melhor do que ela é. A sua sordidez não esmorece."

 

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