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Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

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De Amanhã em Amanhã, Gabrielle Zevin

Charneca em flor, 27.12.22

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Este livro foi escolhido, no mês de Novembro pela Joana da Silva do Clube do Livra-te. Devo começar por dizer que, dificilmente, pegaria neste livro se não fosse o Clube do Livra-te. A capa é muito apelativa já que se trata de um pormenor do quadro "A Grande Onda de Kanagawa" de Katsushika Hokusai que até já passou por este blog.

Em "De Amanhã em Amanhã" encontramos Sam e Sadie. As suas vidas cruzam-se na infância, num hospital, por circunstâncias dramáticas. O principal interesse que partilham é a paixão pelos videojogos. Entre ambos surge uma forte amizade mas um mal entendido acaba por afastá-los. Até que se voltam a cruzar no início da vida adulta. Quer Sam quer Sadie continuam a adorar jogos de computador e estão na universidade. Sam convence Sadie a desenvolverem um jogo em conjunto e as suas vidas ficarão, irremediavelmente, ligadas.

"De Amanhã em Amanhã" lê-se muito bem e a leitura foi uma experiência agradável. Não me identifiquei com as personagens mas acabei por gostar desta história de amizade e amor pontuada por inúmeros equívocos.

Nunca fui grande apreciadora de jogos embora tenha tido as minhas fases de Sims, Farmville ou Angry Birds. Não sei se foi por isso mas não me senti muito cativada pelo contexto onde a história se insere nem percebi algumas das referências relacionadas com o universo do gaming. A autora situa a história no início dos anos 90 mas encontram-se algumas incongruências temporais nesse contexto histórico como, por exemplo, a alusão à identidade de género. Outro ponto menos positivo é a extensão do livro. Para contar esta história não eram necessárias tantas páginas. A autora pretende, de tal maneira, mostrar os problemas de comunicação entre as personagens centrais que repete várias vezes a mesma ideia. 

A construção das personagens centrais, Sam e Sadie, é um dos pontos positivos do livro. Adorei as suas personalidades ressentidas, com os seus defeitos e as suas dificuldades comunicacionais. Os diálogos são, também, um dos pontos fortes do livro.O final, para mim, foi o culminar perfeito para esta história. "De Amanhã em Amanhã" não entra nos meus livros preferidos de 2022 mas não deixa de ser uma boa leitura. Experimentem.

 

"- Concordo. Mesmo assim, ainda gostaria de voltar a fazer um jogo contigo, se alguma vez arranjares tempo.
- Achas que é boa ideia?
- Provavelmente não - admitiu Sam, com uma risada. - Mas quero fazê-lo na mesma. Não sei como deixar de querer. Sempre que te encontrar, para o resto das nossas vidas, vou pedir-te para fazeres um jogo comigo. Ha um sulco no meu cérebro que insiste que é boa ideia.
- Mas essa não é a definição de loucura? Continuar a repetir a mesma coisa, a espera de um resultado diferente?
- É também a vida da personagem de um jogo - disse Sam. - O mundo de reinícios infinitos. Recomeça do principio, desta vez talvez consigas ganhar. E nem todos os nossos resultados foram maus. Eu adoro as coisas que criámos. Éramos uma equipa fantástica."