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Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

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Desafio de Escrita dos Pássaros 3.0

Não aguento mais contigo!

Charneca em flor, 04.06.21

A mulher estava sentada à sua secretária diante do ecrã em branco do seu velho portátil. O seu cérebro divagava tentando encontrar o fio condutor para a história que queria escrever. No entanto, as palavras escapavam-se-lhe por entre as circunvoluções do seu cérebro. Todas as ideias que lhe surgiam, pareciam estapafúrdias. Numa vã tentativa de busca pela inspiração, levantou-se e olhou para a rua através da sua janela. As pessoas afadigavam-se no seu caminho para o trabalho, fosse a pé ou de carro.

Apesar de ser dia de trabalho para os outros, Maria estava em casa, de folga. Aquele dia parecera-lhe o ideal para compôr o texto a que se comprometera mas as palavras certas teimavam em fugir-lhe.

De repente, soube aquilo que iria escrever. Voltou a sentar-se à secretária e começou a bater nas teclas, furiosamente, como se temesse que a inspiração lhe voltasse a escapar. O exercício de escrita correu de feição até surgir uma palavra começada pela letra “F". O teclado do ultrapassado computador portátil funcionava pior a cada dia que passava. De vez em quando, uma letra ou outra deixava de funcionar mas, naquele momento, o “F" começou a funcionar desalmadamente tornando várias linhas do seu texto numa sucessão de “F's". Irritada, ela apagou as letras repetidas e voltou a tentar escrever o texto fantástico que tinha na cabeça. E os “F's" voltaram a surgir. Ela apagou-os de novo. Tentou arranjar um sinónimo para a palavra que pretendia escrever para tentar escapar à letra exasperante. Com alguma atenção conseguiu não tocar na tecla proibida. A inspiração voltou a conduzir as suas mãos e ela deixou-se ir. Tão envolvida estava pelas palavras que se distraiu e voltou a tocar no tal quadradinho de plástico. E os malvados “F's voltaram a encher a página.

Sem mais paciência para aquele traste, gritou:

- Não aguento mais contigo! – afirmou, enquanto o atirava para longe.

O pobre portátil embateu na parede e desintegrou-se, espalhando teclas, pedaços de ecrã bem como todos os outros componentes que o constituíam.

Ela apercebeu-se, imediatamente, de que a sua impulsividade lhe tinha arranjado um grande problema. Como é que ela ia terminar o desafio proposto pelo Desafio de Escrita dos Pássaros sem o seu velhinho computador?! Já não funcionava muito bem mas era o único que tinha.

 

Mais uma brincadeira escrevinhadora respondendo a este Desafio.

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