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Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

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Desafio dos lápis de cor #azul marinho

Novo Capítulo

Charneca em flor, 20.01.21

A jovem deambulava pelas ruas da cidade. Procurava alguma coisa mas não sabia bem o quê. Os seus olhos pousavam nas montras mas nem via bem aquilo que as lojas exibiam.

Sofia era tímida, insegura e tinha poucos amigos. Na verdade, os seus verdadeiros amigos eram os livros que lia avidamente. Só vivia através das histórias que lhe preenchiam as horas livres. A sua alma perdia-se naquelas páginas. Era ali que sofria e se alegrava, que chorava mas também que se divertia. Só quando mergulhava naquelas letras se sentia completa. Foi assim que aprendeu o que era o amor, na ficção, porque, na vida real, nunca tinha amado. Bem, na verdade, sentira-se, algumas vezes, apaixonada mas nunca tinha sido correspondida.

A sua melhor amiga era a miúda mais popular da escola. Ana era muito bonita, inteligente, sociável, divertida. Todos gostavam dela, rapazes e raparigas. Era como uma luz que atraía todos a si, como mariposas à volta de uma lâmpada. Sofia e Ana conheciam-se desde os 6 anos e cresceram juntas mas, à medida que Ana desabrochava e se transformava numa jovem desejável, Sofia enroscava-se cada vez mais no seu casulo.

Perdida nos seus pensamentos, Sofia estava há vários minutos parada em frente a uma loja de roupa. A funcionária já tinha vindo espreitar cá fora mas achou com um ar tão distante que nem teve coragem de meter conversa. Uma travagem brusca na estrada teve o condão de a despertar. E foi então que o viu. Nunca os seus olhos tinham visto algo assim. Olhou para a etiqueta com o preço e fez contas de cabeça.
Naquele dia saíra, precisamente, para comprar um presente com o dinheiro que avó e o padrinho lhe tinham dado pelo seu aniversário. Fizera 16 anos há poucos dias. Obviamente, que o seu primeiro pensamento tinha sido gastar parte do valor mas a livraria não tinha nada mesmo interessante. E a mãe já não podia com tantos livros espalhados pela casa.
Voltou a olhar para o que estava no centro da montra e decidiu entrar. A funcionária acolheu-a com um sorriso. Ainda envergonhada, Sofia pediu para experimentar o vestido exposto. Nem queria acreditar no que sentiu quando viu a imagem que o espelho lhe devolvia. Sentia-se uma pessoa diferente, poderosa, segura. Seria possível que aquele vestido azul-marinho a tivesse mudado por dentro? Vestida assim sentia-se capaz de qualquer coisa. Com o seu vestido novo escreveria um novo capítulo, completamente diferente, da sua história.

 

Embora com pouca inspiração e com baixa força anímica, consegui arranjar ânimo para participar no Desafio da Caixa de Lápis de Cor da Fátima.

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