Ilha Teresa, Richard Zimler
Charneca em flor, 06.02.14
Este livro já não é recente, comprei há algum tempo mas tem estado em espera. Como tenho lido algumas entrevistas de Richard Zimler, um americano que trocou Nova Iorque, onde nasceu, e São Francisco, onde foi professor, pela cidade do Porto. Também foi professor de Jornalismo, na Universidade do Porto, durante 16 anos mas parece-me que se radicou em Portugal por amor já que vive uma relação estável, desde 1978, com Alexandre Quintanilha, um físico português. Embora eu ache que ele também se apaixonou pelo nosso país.
Ora bem, quanto ao livro, Ilha Teresa tem como personagem principal uma adolescente, Teresa, que fez o caminho inverso de Zimler já que a sua família emigra para os Estados Unidos da América. Gostei muito do livro e achei que é um óptimo livro para aconselhar a um jovem. Teresa não se adapta facilmente à vida em Nova Iorque quer por dificuldades linguísticas quer por dificuldade de relacionamentos com os colegas da idade dela. O relacionamento com a mãe é muito conflituoso, típico da adolescência, e, para piorar mais a sua situação, perde o pai. Identifiquei-me com este acontecimento porque perdi o meu pai mais ou menos com a mesma idade mas eu não era tão problemática, felizmente. O seu refúgio é a amizade com um jovem brasileiro, Angel, com um sentido de humor peculiar mas também com uma série de problemas. A história vai-se desenvolvendo tendo em linha de conta estas 2 relações com a mãe e Angel e também o seu pequeno irmão, Pedro, que a segue por todo o lado e pelo qual ela se sente responsável. Um retrato de como a adolescência pode ser uma época difícil da vida. Recomendo.
Fica aqui um cheirinho da escrita de Richard Zimler:
" Vamos lá ver as coisas como elas são: ter quinze anos num país estrangeiro e não ter lado nenhum para onde fugir significa estar naufragada na nossa própria ilha deserta, a milhares de milhas de qualquer sítio onde pudéssemos querer estar. Ilha Teresa. Um bocado para o triste e longe das rotas para um resort de férias, mas ainda assim com alguns encantos exóticos."
"Ler... Têm de reconhecer que há nisto qualquer coisa de especial , como se às tantas o que há de melhor nos seres humanos sejam as nossas palavras. Embora tenhamos tendência para o esquecer, excepto quando estamos a meio de um livro que amamos."