Jane Eyre, Charlotte Brontë
No mês de Novembro, ainda houve tempo para a leitura do clássico "Jane Eyre". Este livro foi escolhido pelos seguidores do Livra-te para leitura conjunta do penúltimo mês de 2022.
Conhecemos Jane Eyre como uma criança órfã e infeliz, acolhida pela viúva do seu tio. Jane Eyre cresce sem amor e carinho até que é enviada para um colégio interno onde a sua situação não é muito melhor mas adquire as ferramentas para se tornar, também ela, professora. Quando a sua amiga directora abandona o colégio depois de se casar, Jane Eyre resolve tentar a sorte como preceptora. Jane Eyre é contratada para Thornfield Hall de forma a ensinar a pequena Adèle, uma criança acolhida pelo taciturno Mr. Rochester.
A minha edição deste livro tem esta capa linda mas encontrei alguns erros na edição de texto. Nada que me impedisse de ficar encantada com este livro. Apesar de Charlotte Brontë contar uma história que se enquadra na época em que foi escrita, nas entrelinhas encontramos um pensamento à frente do seu tempo. As identidades femininas e masculinas têm características muito marcadas mas a nossa personagem central apresenta uma certa dualidade na maneira como decide os passos a tomar na sua vida. No séc. XIX era muito difícil a uma mulher subsistir sem familiares que olhassem por ela mas isso não impede Jane Eyre de ir à luta e tentar ser dona do seu destino. Embora este livro tenha cerca de 175 anos, percebe-se continuam a existir pessoas com as mesmas características das personagens deste romance, sejam femininas ou masculinas. Afinal, aquilo que nos torna aquilo que somos não depende das épocas mas atravessa os tempos.
"- Isso vai além dos poderes m6agicos, senhor. - E acrescentei, só para mim: 《Uns olhos apaixonados são todo o encanto necessário: para eles, és belo suficientemente; ou, por outra, a tua rudeza vale mais do que todas as belezas.》
O Sr. Rochester lera por vezes nos meus pensamentos com uma tal clareza que me parecia incompreensível. Desta vez, porém, nanão o reparou na breve resposta que eu lhe dera e pôs-se a sorrir, com um sorriso só dele, mas que só raramente lhe aparecia como se o achasse bom de mais para as ocasiões ordinárias; esse sorriso era um verdadeiro raio de sol... Senti-me iluminada, inundada, aquecida."