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Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

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Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

"Não me contes o fim" de Rita Ferro

Charneca em flor, 08.05.14

Nos últimos tempos tenho feito o próposito de ler mais livros de autores portugueses. Acontece que me apercebi que estava a ler, maioritariamente, obras masculinas. Tenho-me questionado se as mulheres escrevem pouco ou se sou eu que tenho andado muito distraída. Nos últimos meses até houve 2 mulheres que ganharam prémios literários, Gabriela Ruivo Trindade venceu o Prémio Leya com o romance "Uma outra voz" e Alexandra Lucas Coelho venceu o Prémio APE com o romance "E a noite roda". Não deixa de ser um sinal que as mulheres portugueses escrevem e escrevem bem. Não tive ainda oportunidade de ler estes 2 romances mas, aproveitando uma grande promoção de uma conhecida cadeia de venda de livros, comprei este "Não me contes o fim" de Rita Ferro. Já tinha lido mais livros desta autora. Dos livros que já li, posso concluir que ela escolhe sempre uma mulher forte mas perturbada como a peça central dos seus romances. Neste caso, a personagem principal é Lara, uma jovem que nasceu numa família de classe média ainda no tempo da ditadura. No romance apercebemo-nos da influência do 25 de Abril de 1974 numa revolução de hábitos e costumes pela qual Lara passa. A dada altura da vida, depois de um momento dramático que destroí o equilíbrio da sua família e quase a destroí a si, Lara viaja para uma ilha do Brasil onde vai trabalhar num empreendimento turístico onde conhece um grupo de pessoas muito diferentes, com histórias de vida complicadas. O que vai partilhar nesses dias e a amizade que vai estabelecer com aquelas pessoas vai marcá-la de forma indelével e vai curá-la dos males da alma enquanto ajuda, também, os outros personagens a ultrapassarem passados perturbadores.

 

 

"Juntos formavam uma alegre e colorida amostragem da humanidade. Tão diferentes entre si, tão distintos na forma de ser e reagir, sofrer e esconder, amar e odiar, que foram um pouco os meus livros de estudo, as minhas cábulas e sebentas para chegar a mim mesma. Foi com eles que aprendi a avaliar os outros do seu ângulo e não apenas do meu. Isto, que parece fácil e trivial, demora-se uma vida inteira a aprender. 

Comunicar com pessoas de língua diferente não é o mais difícil. É preciso dominar outro idioma, o da comunicação com as almas, mais cifrado e complexo. Aprender a traduzir o que as pessoas são, ou querem dizer, para além do que fazem, falam ou parecem, exige intuição, cultura e curiosidade, certamente, mas sobretudo atenção."