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Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

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O ano sabático, João Tordo

Charneca em flor, 15.06.21

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Este mês de Junho, o clube de leitura a que pertenço propôs a leitura de um livro subordinado ao tema "Um livro sobre irmãos"

Eu escolhi uma das obras de João Tordo, "O ano sabático". A história de vida de João Tordo foi o ponto de partida para o enredo que construiu nesta obra. Quer João Tordo quer um dos personagens principais nasceram de uma gravidez de trigémeos  em que um dos bebés acabou por morrer. 

O livro começa com um contrabaixista com uma vida problemática que regressa a Portugal depois de ter vivido alguns anos no Canadá. Há anos que vem trabalhando numa composição musical que não consegue terminar. Numa noite em que assiste a um concerto descobre um pianista de sucesso, estranhamente parecido consigo, que toca a "sua" composição. Começa a questionar-se como é possível que tal tenha acontecido. Quem será aquele homem? Será uma terrível coincidência? Plágio? Quem será aquele homem? Será que o seu gémeo não morreu?

A história criada por João Tordo coloca uma série de perguntas que também podem questionar os leitores. Seremos mesmo seres únicos e originais ou haverá alguém igual a nós por aí?

Li este livro em menos de 10 dias logo lê-se facilmente. O estilo de escrita e o desenvolvimento da narrativa são característicos do autor. Nos livros que já li de João Tordo, é habitual encontrar personagens masculinas atormentadas tal como acontece com este "O ano sabático". 

Não posso dizer que não gostei do livro mas acho que ficou àquem daquilo que podia ter sido. Com a história que o autor tinha entre mãos, podia ter desenvolvido melhor a narrativa. Obviamente que o livro já tem alguns anos e que João Tordo já será um escritor diferente, actualmente. Por exemplo, o último livro que publicou, "Felicidade", é muito mais interessante de onde se concluí que é sempre possível evoluir.

"Foi nessa altura, enquanto estes pensamentos lhe surgiam e sentia, cada vez mais próximo, o calor do braço de Elsa, docemente afagando o seu ao ritmo sincopado da bateria, que escutou o acorde tão familiar. Dó sustenido. E, em seguida, a sequência que, na sua cabeça, se desmultiplicara inúmeras vezes numa melodia de grande beleza, embora rasgada por acordes menores, a extravagante sequência que tantas vezes ensaiara no Nutella.

(...)

Primeiro, incrédulo, compreendeu que, enquanto adivinhava a progressão dos acordes, a melodia, tocada por cima destes com a destreza da mão direita do músico, era exactamente igual à que havia inventado e trabalhado durante tanto tempo;"