"O meu país inventado", Isabel Allende
Este livro dormia na prateleira há muito tempo. Comprei num leilão blogosférico já nem sei por quanto. Seja qual tenha sido o preço, o seu valor é enorme ou não se tratasse de uma das minhas escritoras preferidas. Este é um livro biográfico mas biográfico à maneira de Isabel Allende. Resulta mais da nostalgia, da saudade do que da memória. A autora escreveu-o alguns anos depois de ter saído do Chile devido à ditadura militar de Pinochet que governou o seu país durante 17 anos. Ela fala do Chile que recorda e, se calhar, algumas coisas até só fazem parte da sua imaginação. Como ela própria diz:"Escolho o que quero expor para apresentar uma ideia de um Chile que é o que eu quero que apareça". Mais do que um livro sobre o verdadeiro Chile, é, isso sim, um livro sobre o Chile particular de Isabel Allende e também um livro sobre a sua família tão recheada de histórias que ela só precisou de contar essas histórias para criar as fantásticas personagens que povoam os seus livros. Esta obra reverte, como seria de esperar, para outras obras da autora. Mal posso esperar para ler "A casa dos espíritos" ou reler "A filha da fortuna" ou "Retrato a Sépia". Um livro pequeno que se lê facilmente principalmente para quem é apaixonada pela obra desta chilena.
"Tenho uma imagem romântica de um Chile congelado no começo da década de setenta. Durante anos julguei que quando voltasse a democracia tudo seria como antes, mas até essa ideia congelada era ilusória. Talvez o lugar de que tenho saudades nunca tenha existido"