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Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

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Passa palavra #água

Charneca em flor, 07.11.20

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A cascata do bosque

Na pousada tinham-lhe sugerido aquele passeio. Esperava ter percebido bem as indicações para chegar aquele lugar que os aldeões consideravam mágico. Não dava mesmo jeito nenhum perder-se. Seria difícil darem com ela no caso de se magoar. Até porque o telemóvel não tinha rede. Se sofresse uma entorse, o que seria dela?
Ainda não sabia bem o que a tinha levado a fazer aquela viagem sozinha mas não estava arrependida. Os donos da pousada era muito atenciosos e a aldeia era calma, sossegada e encantadora. A paisagem era indescritível. Nunca pensou encontrar um bosque luxuriante como aquele no seu país. Já viajara muito, conhecia inúmeros países estrangeiros mas estava em dívida com o seu país.
Depois de uns meses de trabalho esgotantes, a estadia naquela aldeia estava a fazer-lhe muito bem.
A vereda por onde caminhava ia descendo e nunca mais acabava, mas estava a ser um passeio agradável apesar da humidade que se sentia no ar. De repente, quando o caminho fez uma curva, começou a ouvir um barulho inconfundível. Devia estar perto. A jovem caminhou mais um pouco e viu-a, a cascata de que lhe tinham falado. Aquele sítio era verdadeiramente mágico. A água vinha lá de cima e espalhava-se por rochas, pedras e pedrinhas. Depois de chegar cá a baixo, ela sabia que o ribeiro continuava o seu caminho até chegar ao centro da aldeia.
O espaço envolvente da cascata estava muito bem concebido. Embora se notasse a acção humana, estava tudo muito bem enquadrado. Havia bancos de madeira, mesas de merendas e pequenas pontes nos locais mais adequados para obter as melhores fotografias.
Ao aproximar-se da cascata, foi um prazer sentir as gotículas da água a caírem sobre a pele. O dia estava quente e ela tinha feito um grande esforço para chegar ali. A queda de água era tentadora e ela não lhe resistiu. Despiu-se para se banhar na água refrescante que descobrira naquele bosque. Que sensação libertadora. Como era bom sentir-se em perfeita comunhão com a natureza. A água gelada limpou-lhe todos os momentos de stress, todos os momentos negros, todos os arrependimentos dos últimos meses.
Eis senão quando se sente observada e, nesse instante, qual Eva depois de comer o fruto do pecado, reconheceu-se nua. Não tinha bikini por isso banhara-se despida porque pensara estar sozinha. Mas ali estava ele, um homem que já vira na aldeia mas forasteiro como ela.
E agora?!

 

Mais um tema do desafio das simpáticas Mel e da Mula.

P.S - Foto captada no meu aniversário de 2019 num passeio à região centro de Portugal. Trata-se da Cascatas da Fraga da Água d' Alta na Serra de Moradal.

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