Sonho num dia de Inverno
Desafio "Sonhamos ir por aí!"
O dia acordou luminoso. Depois da chuva, o sol voltou a brilhar. Lá fora já se ouviam os passarinhos. Abri a janela. Apesar de ainda ser cedo, senti a carícia de uma temperatura amena.
Pelo aroma a torradas e café acabado de fazer, percebi que o pequeno-almoço me esperava. Com prazer, deliciei-me com a leveza da espuma de leite no cappuccino.
A relva verde do jardim convidou-me a aproveitar o sol do Inverno que findava para pôr as leituras em dia. Foi uma manhã muito agradável, espraiando-me numa cadeira confortável acompanhada por um bom livro. No ar já se notava o cheiro da iminência primaveril. Nos ramos despidos da ameixieira despontavam singelas flores, promessas de frutos suculentos. As plantas do jardim começavam a encher-se de folhas viçosas.
Nem me apercebi que era chegada a hora do almoço. O ambiente estava propício para uma refeição na esplanada e a ementa não podia ser outra, peixe grelhado, acompanhado de um bom vinho branco. Às vezes, não é preciso ir muito longe para se vivenciar uma boa experiência.
A tarde continuou amena, quase quente. Tão difícil acreditar que ainda era Fevereiro, o Inverno não tinha acabado mas a estação seguinte insinuava-se pé ante pé. O dia soalheiro levou-me a sair para uma caminhada. Passei por jardins repletos de flores, cheirosas frésias ou tímidas rosas. Ao longe, o contorno inconfundível da Serra do Montejunto. Será que teria coragem de subir até lá? Ao longo do caminho, campos cultivados, vinhas podadas, pinheiros e eucaliptos serviam-me de companhia. De vez em quando, o ladrar de um cão rasgava o silêncio característico da aldeia. As flores silvestres alegravam os campos numa sinfonia de cores. Em cada curva, descobria um novo pormenor num percurso já amplamente trilhado. E recantos nos quais nunca tinha reparado.
Ao fim do dia, o corpo já estava cansado de tanto caminhar mas o céu presenteou-me com um maravilhoso entardecer colorindo-se dos mais ricos tons do ocaso. E ainda consegui ouvir o canto das cigarras que começavam a despertar.
Neste tempo estranho que nos foi dado viver, é preciso usar a imaginação e transformar um pátio, uma varanda, um quintal, terraço ou mesmo uma marquise numa esplanada idêntica àquelas que estão, infelizmente, encerradas. Mesmo deliciosa espuma de leite e preparar um cappuccino idêntico aos que bebi nos inesquecíveis pequenos-almoços dos hotéis onde já estive quando era possível viajar. Se só podemos fazer pequenos passeios higiénicos, esse conceito novo, então porque não aproveitar para descobrir aquilo que nos rodeia e em que não reparamos na lufa lufa do quotidiano. Seja numa aldeia no sopé da Serra do Montejunto, numa grande cidade ou numa vila dos subúrbios. Agora que a pandemia nos impede de realizar sonhos grandiosos, porque não procurar as pequenas alegrias que se podem encontrar na mais curta distância?!
Aqui fica o meu convite para que descubram todas as maravilhas que vos rodeiam porque é possível encontrar beleza seja onde fôr. Só é preciso estar atenta.
A Cristina Aveiro desafiou-me, e a mais uma grupeta*, para escrever uma proposta de passeio para quando acabar o confinamento. No entanto, eu achei que o que seria interessante era propôr um passeio para o confinamento . Pensei em destabilizar, portanto. Às vezes, o sonho está ao alcance da mão.
*Aqui está a grupeta desafiada
Oh da guarda peixe frito, a Concha, a A 3ª Face, a Maria Araújo, a Fátima Bento, a Imsilva, a Luísa De Sousa, a Maria, o José da Xâ, a Rute Justino, a Ana D., a Célia, a Charneca Em Flor, a Gorduchita, a Miss Lollipop, a Ana Mestre a Ana de Deus, e a bii yue