Sophia no Panteão Nacional
Hoje, quando passam 10 anos da sua morte, Sophia de Mello Breyner Andresen será transladada para o Panteão Nacional. Do ponto de vista do Estado Português, parece-me uma justa homenagem já que se trata de um dos maiores nomes da poesia portuguesa. Haveria, também, outras medidas que podiam ser tomadas para honrar esta grande mulher. Por exemplo, tornar a sua obra mais conhecida, nomeadamente voltando a colocá-la nos curriculos escolares. A transladação fará com que se fale mais dela, hoje. Amanhã, se calhar, já ninguém se lembra. Ora se houvesse novos leitores para a sua obra, aí é que a memória de Sophia se manteria verdadeiramente viva.
Os restos mortais da poetisa saem do cemitério de Carnide para a Capela do Rato pelas 16:30. Após a celebração de missa, o corpo irá atravessar Lisboa, passando pela Assembleia da República e ao longo do Rio Tejo, devendo o cortejo chegar ao Panteão Nacional às 19:00.
Quando
Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.
Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.
Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.
Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Dia do Mar'