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Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

Passa palavra #amor

Charneca em flor, 12.11.20

A pedido de muitas famílias, decidi continuar a história da passada semana. Felizmente a palavra sugerida pela Mula e pela Mel para facilitou bastante a tarefa.

 

Amor ao primeiro banho

A jovem baixou-se, na tentativa de se esconder.
- Importas-te de olhar para outro lado para eu poder sair?
- Peço desculpa se te assustei. Não era essa a minha atenção. Só que fiquei extasiado quando te vi. Pensei que estava a sonhar. Eu viro-me de costas para que possas sair.
E, sem demora mas a contragosto, o jovem volta-se para outro lado.
- Já podes sair.
A jovem, desconfiada, saiu de dentro da pequena lagoa formada pela cascata. Correu até à mochila onde tinha uma toalha. Como é que era possível ter-se esquecido de vestir o bikini de manhã?!
O jovem, ainda atordoado com aquela visão, não resistiu a tentar encetar uma conversa.
- Não estava à espera de encontrar aqui ninguém. Já te tenho visto na aldeia mas não és de cá, pois não?
Ela não sabia se era sensato alimentar a conversa mas também já reparara nele e achara-o muito atraente.
- Não, estou de férias. E tu?
- Não vivo cá mas a minha família é desta aldeia. A minha avó faleceu há uns meses e estamos a restaurar a casa dela. Como eu posso trabalhar em qualquer sítio, venho cá de vez em quando para supervisionar as obras.
Enquanto ele falava, a jovem acabou de se vestir.
- Se quiser, já te podes voltar.
O jovem voltou-se, sorrindo. A jovem estremeceu com aquele sorriso. Ele era mesmo muito atraente. Tinha um olhar límpido e sincero
- Então, olá. Se calhar, posso apresentar-me. Eu sou o Filipe. E tu?
- Realmente, já me viste nua e nem sabes o meu nome – disse ela com uma gargalhada. – Eu chamo-me Luísa.
Filipe ficou surpreendido com a atitude jovial e divertida de Luísa. Nem queria acreditar, de certeza que estava a sonhar e que ia acordar, a qualquer momento.
Luísa encaminhou-se para Filipe mas, quando estava muito perto, desequilibrou-se. Filipe esticou-se e conseguiu agarrá-la no último minuto.
Quando se viu nos braços dele, Luísa sentiu algo que nunca tinha sentido. E, finalmente, percebeu o significado da expressão “borboletas na barriga”.
O coração de Filipe batia aceleradamente. Não sabia o que fazer com a preciosidade que tinha nos braços. Tinha medo de falar e estragar aquele momento mágico.
Luísa nunca acreditou em amor à primeira vista mas…
Ouviu-se um grito estridente:
- Filipe! O que é que isto significa? Quem é essa mulher?
Filipe esquecera-se de que tinha vindo acompanhado.

 

Muito obrigada, Mula e Mel, pela iniciativa. Adorei.

Passa palavra #água

Charneca em flor, 07.11.20

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A cascata do bosque

Na pousada tinham-lhe sugerido aquele passeio. Esperava ter percebido bem as indicações para chegar aquele lugar que os aldeões consideravam mágico. Não dava mesmo jeito nenhum perder-se. Seria difícil darem com ela no caso de se magoar. Até porque o telemóvel não tinha rede. Se sofresse uma entorse, o que seria dela?
Ainda não sabia bem o que a tinha levado a fazer aquela viagem sozinha mas não estava arrependida. Os donos da pousada era muito atenciosos e a aldeia era calma, sossegada e encantadora. A paisagem era indescritível. Nunca pensou encontrar um bosque luxuriante como aquele no seu país. Já viajara muito, conhecia inúmeros países estrangeiros mas estava em dívida com o seu país.
Depois de uns meses de trabalho esgotantes, a estadia naquela aldeia estava a fazer-lhe muito bem.
A vereda por onde caminhava ia descendo e nunca mais acabava, mas estava a ser um passeio agradável apesar da humidade que se sentia no ar. De repente, quando o caminho fez uma curva, começou a ouvir um barulho inconfundível. Devia estar perto. A jovem caminhou mais um pouco e viu-a, a cascata de que lhe tinham falado. Aquele sítio era verdadeiramente mágico. A água vinha lá de cima e espalhava-se por rochas, pedras e pedrinhas. Depois de chegar cá a baixo, ela sabia que o ribeiro continuava o seu caminho até chegar ao centro da aldeia.
O espaço envolvente da cascata estava muito bem concebido. Embora se notasse a acção humana, estava tudo muito bem enquadrado. Havia bancos de madeira, mesas de merendas e pequenas pontes nos locais mais adequados para obter as melhores fotografias.
Ao aproximar-se da cascata, foi um prazer sentir as gotículas da água a caírem sobre a pele. O dia estava quente e ela tinha feito um grande esforço para chegar ali. A queda de água era tentadora e ela não lhe resistiu. Despiu-se para se banhar na água refrescante que descobrira naquele bosque. Que sensação libertadora. Como era bom sentir-se em perfeita comunhão com a natureza. A água gelada limpou-lhe todos os momentos de stress, todos os momentos negros, todos os arrependimentos dos últimos meses.
Eis senão quando se sente observada e, nesse instante, qual Eva depois de comer o fruto do pecado, reconheceu-se nua. Não tinha bikini por isso banhara-se despida porque pensara estar sozinha. Mas ali estava ele, um homem que já vira na aldeia mas forasteiro como ela.
E agora?!

 

Mais um tema do desafio das simpáticas Mel e da Mula.

P.S - Foto captada no meu aniversário de 2019 num passeio à região centro de Portugal. Trata-se da Cascatas da Fraga da Água d' Alta na Serra de Moradal.

Passa Palavra #cartas

Charneca em flor, 30.10.20

Cartas do passado

Leninha sentia-se entediada. As férias escolares iam a meio e ela já tinha feito todos os trabalhos escolares e lido os livros que tinha trazido da biblioteca. A televisão não tinha grande interesse. Afinal viviam-se os idos anos 80 e só havia 2 canais disponíveis para optar. As redes sociais ainda não tinham sido inventadas. A internet já existia mas a sua utilização não era tão vulgarizada como hoje. A jovem não sabia que mais inventar para se entreter.

Olhando em volta, surgiu-lhe a ideia de explorar um velho armário onde a mãe guardava algumas relíquias do passado. Embora sabendo que a mãe não gostava que se mexesse naquilo que tinha ali guardado, Leninha resolveu arriscar porque achava ser capaz de dissimular a sua aventura exploratória. Abriu a gaveta e ficou encantada por encontrar as suas roupinhas de bebé. Só que, bem lá no fundo, fez uma descoberta surpreendente . A sua mãe era muito arrumada e por isso Leninha olhou, com estranheza, para o que acabara de encontrar. Nada tinha a ver com o restante conteúdo da gaveta.

Nas suas mãos estavam vários maços de cartas, cuidadosamente atados com fitas de cetim. Pelos carimbos dos envelopes, percebeu que as missivas datavam do início da década de 70. A maioria das cartas eram aquelas que os pais trocaram enquanto namorados mas também encontrou cartas enviadas por outros familiares.
Leninha sentia-se dividida sobre o que fazer com aquele achado. Quase que podia ouvir, dentro da sua cabeça, a contenda entre o anjo bom e o anjo do mal. Por um lado, sabia que devia respeitar a privacidade da sua família, principalmente a dos seus pais. De certeza que não se sentiria confortável se se deparasse com juras de amor trocadas entre os pais. Por outro lado, a curiosidade estava quase a dominá-la. As cartas escaldavam nas suas mãos. Apresentava-se-lhe a oportunidade de descobrir o segredo de família que os adultos escondiam há anos. Há muito que desconfiava que se passara algo de muito grave para que não se dessem com a tia Conceição. Às vezes, dava-se conta de conversas murmuradas entre os pais, os tios ou os avós mas nunca conseguira perceber qual tinha sido o drama que conduzira ao corte de relações.

De repente resolveu-se, abriu o primeiro envelope e começou a ler.

No fim, quisera esquecer o que lera tal era a gravidade. Tinha sido preferível ter continuado ignorante.

 

A Mel e a Mula voltaram a desafiar a blogosfera com mais uma palavra, Cartas. Foi inspiradora.

Passa Palavra #almofada

Charneca em flor, 25.10.20

Taras e Manias

Olho o relógio com ansiedade. Ainda falta tanto para o dia de trabalho terminar. Enquanto executo tarefas rotineiras, sonho com o momento em que me vou sentar no sofá e recostar nas minhas almofadas mais fofas.
Sempre gostei de almofadas. Quando ainda vivia na casa dos meus pais, tentei convencer a minha mãe de que precisava de um monte delas na minha cama para conseguir dormir. Só que ela não era grande apreciadora. Acedeu a que a minha cama tivesse 4 almofadas. Embora não fosse o suficiente para eu me atirar para cima delas como se me atirasse para uma nuvem de algodão doce, já era melhor que nada.
Quando eu comecei a conceber a decoração da minha casa, as almofadas foram das primeiras aquisições. Seja no sofá, na cama ou nas costas das cadeiras, há almofadas por todo o lado. Até existe um almofadão para me deitar na varanda. Sou completamente viciada. São grandes, pequenas, de várias cores e feitios, lisas ou com padrões. Se estiver em boa companhia, são os instrumentos ideais para uma boa luta. Se estou sozinha, posso agarrar-me a elas para descansar melhor. Quando estou feliz, servem para me encostar enquanto sonho com acontecimentos futuros ainda mais felizes. Em momentos de tristeza, são o amparo para as minhas lágrimas. Nas indecisões, a almofada em que deito a cabeça para dormir é a melhor conselheira. Eu sei que isto é um lugar comum mas é a verdade mais verdadeira. Deito-me sem saber o que fazer e ao acordar já tenho a decisão tomada.
A minha família e os meus amigos nem sempre compreendem esta minha mania. A minha mãe acha que estes objectos só servem para acumular pó. Os meus amigos queixam-se de que têm pouco espaço para se sentarem. Desconfio que eles acham que eu não sou muito boa da cabeça por causa desta mania. Afinal, cada um tem as suas pancadas. A minha tara são as almofadas. Isto não prejudicam ninguém, até é uma tara bem fofinha e confortável. Só é pena não ter uma almofada financeira maior. Dava-me mesmo jeito… para comprar mais almofadas.

 

Com algum atraso, aqui fica o meu contributo para o #passa-palavra da Mel e da Mula.

Passa-palavra #vento

Charneca em flor, 16.10.20

Vento Nocturno

É noite e estou sozinha. Não consigo adormecer.
Um medo irracional invade-me enquanto oiço o vento a uivar lá fora. Já há muito que o vento desencadeia em mim, um pânico inexplicável. Obviamente que eu sei que o vento é fenómeno natural e até consigo perceber quais são as condições atmosféricas que desencadeiam as tempestades de vento. Só que conhecer a teoria científica não me deixa mais descansada, antes pelo contrário.
Nestas noites recordo-me de um filme que me marcou muito. Não sei se era um filme de terror mas a verdade é que me assustou-me muito. Ainda me arrepio quando me lembro das cenas em que o vento agitava as folhas das árvores como prenúncio de uma desgraça iminente. Com o vento que sopra lá fora temo que também me aconteça algo de terrível.
O plátano que existe junto à minha janela abana tanto que chega a bater no vidro. Ai, meu Deus, que a janela ainda se vai partir.
O meu coração bate aceleradamente. De repente, a campainha toca e eu assusto-me com o meu próprio grito. Não me consigo mexer. Eu não vou abri, nem pensar. A campainha volta a tocar desta feita de modo muito mais insistente.

 

Só nessa altura é que eu acordo e me dou conta do sítio onde estou. Estou na farmácia e é noite de serviço. Eu adormeci e estava a ter um pesadelo. Quase que tropeço ao levantar-me para atender o utente que volta a tocar desalmadamente.
Chego ao postigo de atendimento com dois tomates maduros no lugar das bochechas. Peço desculpa pela demora, carregada de vergonha, e tento compensar o utente executando o atendimento com rapidez e competência.
Finalmente volto a recostar-me no sofá. Olho pela janela, para a escura madrugada. Não existe nenhum plátano junto à janela. A fantasia e a realidade confundem-se na minha cabeça. Fecho os olhos para descansar mais um pouco. Ainda faltam algumas horas para terminar o meu turno.
O vento volta a uivar lá fora. Eu abro os olhos alarmada. Será que não foi um pesadelo?!

 

Mais uma participação no desafio #passa-palavra da Mula e da Mel.

Passa-palavra #lápis

Charneca em flor, 09.10.20

Eu, o lápis de cor*

 

Portugal, Verão de 1980


Eu sou um lápis de cor e vivo numa caixa metálica com lápis de muitas outras cores. Ao todo somos trinta e seis. Todos nós viemos de um país distante, do outro lado do mar, na bagagem de um menino rechonchudo. Ele viveu durante um ano noutro país e, regressando, trouxe na sua mala, muitos brinquedos diferentes daqueles que existem cá em Portugal. Os seus amigos ficam deliciados com todos os brinquedos e livros que o menino tem agora. Mas nenhum ficou tão fascinado com os lápis de cor como a menina de totós que aparece por cá quase todos os dias. A pequenita nem tem grande jeito para o desenho mas agora quer utilizar a caixa de lápis de cor todas as vezes que aqui está. O primo, o meu legítimo proprietário, bem tenta propor outros divertimentos mas a pirralha nem lhe liga. Só fica feliz se a deixarem usar os lápis de cor.
A menina nunca tinha visto tantos tons diferentes disponíveis para colorir os seus desenhos toscos. Por aquilo que a ouvi dizer, a sua mãe, até ali, só lhe tinha comprado caixas bem mais pequenas. Os pais da menina diziam, muitas vezes, que não havia dinheiro para tudo. Só se podia comprar o que era mesmo necessário. Ela nem sempre compreendia porque é que não podia ter tudo o que lhe apetecia.
Os desenhos que os meninos fazem são todos muito parecidos. O meu dono vai ter uma casa nova e é esse o tema preferido. Nas folhas brancas aparece a casa com a sua varanda e as suas janelas. E árvores e pessoas a passear. A menina dos totós desenha sempre pessoas mas eu desconfio que isso tem um segundo sentido. Quem disse que uma menina de seis anos não pode ter intenções obscuras? Eu tenho a certeza que a minha cor é a preferida da menina. Ela escolhe-me sempre a mim. Todos os seus desenhos têm uma pincelada minha. Eu sei que a pequena pirralha gosta de todas as cores mas tem um carinho especial por mim. A minha cor é de um tom bege rosado mas a menina diz que eu sou um lápis cor de pele. Pelo menos, um lápis da cor da sua pele clarinha. Mas na caixa há lápis para pintar a cor de muitas outras peles porque todas as cores são importantes.

 

E o desafio #Passa-palavra da Mula e da Mel continua .

 

*baseado em factos verídicos.

 

 

Passa-Palavra #saudade

Charneca em flor, 02.10.20

Para esta semana, concebi uma reflexão sobre essa palavra tão portuguesa, Saudade proposta pela Mula e pela Mel (M&M)

Reflexões em dó maior

Não sei o que é isto que sinto cá dentro. Será uma dor? Um vazio? Um buraco negro? Sinto que me falta sempre qualquer coisa mesmo nos momentos felizes. De vez em quando, relembrando instantes passados, o vazio aumenta, o buraco torna-se ainda mais negro e as melodias soam mais tristes.
Na minha memória surgem, como personagens num filme, todas as pessoas que conheci e que desapareceram da minha vida. Ou porque morreram ou porque a vida nos afastou irremediavelmente. Ao mesmo tempo que me fico feliz quando me lembro de histórias bonitas que vivemos, abre-se a ferida da ausência.
Às vezes também sinto falta daquilo que não vivi, daquilo que nunca aconteceu por maior que fosse o meu querer. Será possível?
Nunca mais consegui preencher este espaço que ocupa a minha alma. Por mais amor que ali derrame, nunca fica a transbordar.
Todos os dias me levanto e me deito com esta companhia. Sim, a saudade é a minha melhor amiga porque nunca me abandonou.

Passa-Palavra #amarelo

Charneca em flor, 25.09.20

A Mula e a Mel desafiaram a blogosfera para o Passa-Palavra. Todos os domingos propõem uma palavra diferente para nos inspirarem a escrever. Como não podia deixar de ser eu tinha que participar. Aqui fica o primeiro andamento do desafio.

 

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O casaco amarelo

Leonor passeava pelo centro da cidade. Sem prestar grande atenção, via as montras da principal rua comercial. Seguia entregue aos seus pensamentos até que, de repente, estancou. Ali estava ele, colorido, luminoso e reluzente. Naquela montra brilhava um espectacular casaco amarelo. Ela nunca vira um casaco daquela cor, mais brilhante do que mil sóis. Só nesse momento percebeu que precisava daquele casaco, custasse o que custasse. Aquela peça de roupa, tão pouco discreta, era o motor que faltava para ela se sentir segura.

Mesmo através do vidro se percebia a macieza da fazenda. Como ela gostaria de lhe tocar, de aconchegar aquela gola de rebuço à volta do pescoço. E o que dizer do corte? Era absolutamente perfeito.

Não se decidia a entrar na loja. O ambiente da boutique não lhe parecia adequado para a sua maneira de ser. Leonor era uma pessoa simples e vestia modestamente. Finalmente resolveu-se a entrar.

Todas as funcionárias levantaram os olhos ao sentirem o movimento de alguém a entrar. Os sorrisos que começavam a esboçar, depressa esmoreceram.
Assim que entrou, viu um expositor com mais casacos iguais. Tocou-lhes ao de leve e sentiu a textura que imaginara. Quando se preparava para retirar um casaco para experimentar, a gerente aproximou-se impedindo-a de o fazer.

- Posso ajudar?
- Obrigada mas já encontrei o que queria.
- Não me parece que esse casaco seja adequado para si.
- Como assim? Nem sequer o experimentei.
A gerente olhou-a de alto a baixo com enfado.
- Este casaco não se enquadra no seu estilo – disse a gerente com rispidez.
- Por isso é que eu estou interessada neste casaco maravilhoso. Não tenho nada assim no meu roupeiro. Já percebi o que está a pensar. Pode ficar descansada que eu posso pagar o casaco. Não se deixe iludir pelo meu aspecto.

A gerente corou violentamente não se percebendo se de vergonha ou de raiva. Enquanto isso Leonor vestia o casaco amarelo e sentiu-se envolvida numa nuvem tal era o conforto. Ainda não estava frio suficiente para usar o casaco mas ela não tinha vontade de o despir. Olhou o reflexo no espelho e adorou o que viu. O contraste do seu cabelo preto com a cor luminosa do agasalho dava-lhe uma aura de mistério. Lá atrás era possível ver a face carrancuda da gerente.

Foi pagar e saiu alegremente vestindo o casaco amarelo-sol apesar do dia soalheiro.