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Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

Guerra Nuclear, Marisa Liz

Charneca em flor, 19.09.22

Marisa Liz tinha quase 2 anos quando António Variações faleceu portanto não se lembrará de o ver cantar. Não deixa de ser surpreendente ouvir, agora, Marisa Liz a dar voz a um tema inédito do cantor cuja mensagem é, estranhamente, actual.

Segundo parece a iniciativa de dar a conhecer este tema partiu da própria família do cantor como se pode ler aqui:

"Tendo conhecimento da existência de um tema inédito de António Variações que abordava a temática da ameaça da guerra nuclear, e tendo em conta o contexto atual, a família de António Variações e os seus publishers, Rossio Music, decidiram divulgar este tema, alertando para o "delírio nuclear", sendo ele uma ameaça (verdadeira ou não) cada vez mais presente no dia-a-dia."

Fonte aqui

A interpretação de Marisa Liz está espectacular e há uma surpresa perto do fim

 

Espero que gostem.

Boa semana.

 

 

"O corpo é que paga", António Variações

Charneca em flor, 13.06.22

Há 38 anos morria, em Lisboa, o  artista português mais surpreendente de sempre. António Variações teve uma carreira musical de, apenas, 2 anos. Sempre que aparece alguém mais fora da caixa é com ele que se compara. As suas canções são apreciadas até hoje mas ele não sabia uma única nota musical. António Variações foi uma pedrada no charco e continua a ser uma referência.

 

Todos nós temos Amália na voz

Centenário do nascimento de Amália Rodrigues

Charneca em flor, 01.07.20
Fiz dos teus cabelos a minha bandeira

Fiz do teu corpo o meu estandarte
Fiz da tua alma a minha fogueira
E fiz, do teu perfil, as formas de arte

Fiz das tuas lágrimas a despedida
Fiz dos teus braços a minha dança
Dei o teu sentido à minha vida
E o grito dei-o ao nascer de uma criança

Todos nós temos Amália na voz
E temos na sua voz
A voz de todos nós

Dei o teu nome à minha terra
Dei o teu nome à minha arte
A tua vida à primvera
A tua voz à eternidade

Todos nós temos Amália na voz
E temos na sua voz
A voz de todos nós

A tua voz ao meu destino
O teu olhar ao horizonte
Dei o teu canto à marcha do meu hino
A tua voz à minha fonte

Todos nós temos Amália na voz
E temos na sua voz
A voz de todos nós

Dei o teu nome à minha terra
Dei o teu nome à minha arte
A tua vida à primvera
A tua voz à eternidade

António Variações

"António Variações, Entre Braga e Nova Iorque", Manuela Gonzaga

Charneca em flor, 20.02.19

Gosto de ler biografias. Há pessoas que viveram a sua vida de forma tão intensa que a sua história quase que parece ficção. Este é já a segunda obra de Manuela Gonzaga que leio. Este livro reflecte um intenso trabalho de pesquisa da autora para nos dar a conhecer um pouco daquilo que foi a vida deste ímpar artista português. A sua passagem pelo panorama musical português foi efémera. O seu primeiro single saiu em 1982 e ele faleceu em 1984 mas marcou de forma indelével a música portuguesa sendo cantado até aos dias de hoje. Com Manuela Gonzaga descobrimos a infância numa aldeia minhota, a sua relação com a família, o seu gosto pela música que começou desde cedo, a sua vinda ainda adolescente para Lisboa, a passagem pela tropa, as suas viagens, as suas amizades, o desenvolvimento do seu trabalho como barbeiro e o seu caminho até ao estrelato como cantor abordando, obviamente, a estranheza que a figura de António Variações provocou na sociedade portuguesa.

Entre os vários factos que descobri sobre o artista, o que achei mais curioso foi o facto de António Variações não saber absolutamente nada de música, nem uma nota. Mesmo assim deixou um espólio musical fantástico. O método de composição utilizado para que os músicos o pudessem acompanhar é inacreditável. Claro que não posso contar senão mais ninguém lia o livro.

Para além da vida de António Variações, Manuela Gonzaga faz um excelente retrato social do país desde a década de 40 até à década de 80. Só por isso já valia a pena ler o livro.

Eu tinha apenas 8 anos quando ele desapareceu mas tenho uma vaga memória de o ver na televisão. No entanto, sou fã incondicional da sua obra.

"Quando, em Junho de 1982, surge no mercado o maxi single Estou Além, cujo lado B contém uma versão difícil de qualificar de 《Povo que lavas no rio, dedicada a Amália 《minha fonte de inspiração》, o mote estava dado. Um barbeiro que recusava o título de cabeleireirom servido por uma voz de sonoridade inqualificável, caíra na alçada da música pop, irrompendo no mundo da música ligeira portuguesa através daquilo que  alguns, muitos, consideraram uma heresia"

 

 

 

 

Uma citação por semana #36

Charneca em flor, 03.09.18

"Vou continuar a procurar

O meu mundo

O meu lugar

Porque até aqui eu só:

Estou bem aonde eu não estou

Porque eu só quero ir

Aonde eu não vou" 

                             Estou além, António Variações do álbum Anjo da Guarda mencionado no livro António Variações, Entre Braga e Nova Iorque de Manuela Gonzaga