""Aristóteles e Dante descobrem os Segredos do Universo", Benjamin Alire Sáenz
O mês de Junho que terminou há dias é conhecido por Pride Mouth, Como tal o Clube do Livra-te escolheu, para o mês passado, livros em que a temática LGBTQIA+ está presente. Rita da Nova escolheu "rapariga, mulher, outra" de Bernardine Evaristo que eu já li há cerca de 1 ano como partilhei aqui. A Joana da Silva escolheu "Aristóteles e Dante descobrem os Segredos do Universo" de Benjamin Alire Sáenz.
Este livro pode-se inserir na categoria de young adult mas, na minha opinião, é preciso ter alguma maturidade para se abarcar toda a plenitude da mensagem que o autor nos transmite. Aristóteles e Dante são dois adolescentes solitários. No momento em que se conhecem, nasce uma amizade que será preponderante para a construção da sua identidade de cada um.
"Aristóteles e Dante descobrem os Segredos do Universo" é uma história de amizade, amor e de como a família nos ama acima de tudo. Esta é uma história que nos aquece o coração.
Benjamin Alire Sáenz escreve de uma forma muito simples e acessível mas faz uma boa construção de personagens seja no que diz respeito aos jovens como os seus pais que são muito especiais. Lê-se muito bem. Achei, por um lado, uma leitura leve e ideal para as férias mas também profunda e enternecedor. Os capítulos curtos conferem dinamismo e frescura à leitura. O único pormenor que achei menos realista foi as atitudes dos pais de Aristóteles e de Dante. Tendo em conta que a acção se situa no final dos anos 80, achei-os muito progressistas para a época mas poderei ser eu que estou a avaliar a comunidade latino-americana dos Estados Unidos da América - é nessa comunidade que os jovens se inserem - por aquilo que se passava em Portugal nessa mesma época. Na verdade, quem disse que a ficção tinha que ser completamente realista?
"O Dante era um professor muito meticuloso. Era um verdadeiro nadador, sabia tudo acerca dos movimentos de braços e pernas e da respiração, compreendia como um corpo funcionava enquanto estava dentro de água. Gostava de água, era algo que ele respeitava. Compreendia a sua beleza e os seus perigos. Falava de natação como se fosse um modo de vida. Tinha quinze anos. Quem era este rapaz? Parecia um pouco frágil - mas não era. Era disciplinado e duro e informado e não fingia ser estúpido e normal. Não era nenhuma dessas coisas.
Era divertido e concentrado e corajoso. Quero dizer, podia ser corajoso. E não havia nada de mau nele. Eu não compreendia como se podia viver num mundo cheio de maldade e não ser contagiado por essa maldade. Como podia um rapaz viver sem um pouco de maldade?
Dante tornou-se mais um mistério num universo cheio de mistérios."