Autumn, Ali Smith
Este ano, em termos literários, fiz um esforço para sair da minha zona de conforto e tentei ler livros diferentes do que me era habitual. Uma das experiências foi ler em inglês. Já o tinha feito no início do ano com "Normal People" e agora, por sugestão do podcast Livra-te da Rita da Nova e da Joana da Silva, resolvi assinalar as últimas semanas de Outono com a leitura de "Autumn" de Ali Smith.
Para ler em inglês, prefiro a versão ebook porque, nalgumas aplicações, é possível procurar o significado de alguma palavra que eu não compreenda.
Esta obra conta a história da amizade, desde a infância, de Elisabeth, e o seu idoso vizinho, Daniel Gluck mostrando como é que essa relação influencia o crescimento e o desenvolvimento intelectual de Elisabeth. No início do livro, o idoso tem mais de 100 anos e encontra-se num lar onde passa grande parte do dia a dormir. Elisabeth visita-o e senta-se a seu lado a ler. Ao longo do livro, a autora conta-nos o "caminho" que aquela amizade trilhou até chegar aquele ponto mas também nos faz mergulhar naquilo que o idoso sonha nas suas longas horas adormecido e na vida intelectual de Elisabeth. Paralelamente às visitas de Elisabeth ao seu amigo, Ali Smith faz-nos olhar para inúmeros problemas que afectavam a sociedade britânica na época em que o livro foi escrito como, por exemplo, a burocracia (problema universal), a xenofobia, a integração dos emigrantes e o eminente Brexit. Podemos dizer que "Autumn" é sobre todos estes temas, sempre actuais, mas, para mim, é, apenas e só, a história sobre a beleza da verdadeira amizade que não escolhe diferenças culturais ou etárias. A amizade é possível em todas as circunstâncias, só é preciso acreditar no seu poder.
Ali Smith tem uma escrita deliciosa com capítulos que são exemplos de autêntica prosa poética. Um livro que vale muito a pena ler. Também está traduzido para português. Provavelmente, não consegui compreender tudo aquilo que Ali Smith escreveu mas gostei muito da experiência. Gostei tanto que já tenho os outros 3 ebooks - "Winter", "Spring" e "Summer" - em espera.
"Well, who? Where do I start? I’m the butterfly antenna. I’m the chemicals that paint’s made of. I’m the person dead at the water’s edge. I’m the water. I’m the edge. I’m skin cells. I’m the smell of disinfectant. I’m that thing they rub against your mouth to moisten it, can you feel it? I’m soft. I’m hard. I’m glass. I’m sand. I’m a yellow plastic bottle. I’m all the plastics in the seas and in the guts of all the fishes. I’m the fishes. I’m the seas. I’m the molluscs in the seas. I’m the flattened-out old beer can. I’m the shopping trolley in the canal. I’m the note on the stave, the bird on the line. I’m the stave. I’m the line. I’m spiders. I’m seeds. I’m water. I’m heat. I’m the cotton of the sheet. I’m the tube that’s in your side. I’m your urine in the tube. I’m your side. I’m your other side. I’m your other. I’m the coughing through the wall. I’m the cough. I’m the wall. I’m mucus. I’m the bronchial tubes. I’m inside. I’m outside. I’m traffic. I’m pollution. I’m a fall of horseshit on a country road a hundred years ago. I’m the surface of that road. I’m what’s below. I’m what’s above. I’m the fly. I’m the descendant of the fly. I’m the descendant of the descendant of the descendant of the descendant of the descendant of the descendant of the fly. I’m the circle. I’m the square. I’m all the shapes. I’m geometry. I haven’t even started with the telling you what I am. I’m everything that makes everything. I’m everything that unmakes everything. I’m fire. I’m flood. I’m pestilence. I’m the ink, the paper, the grass, the tree, the leaves, the leaf, the greenness in the leaf. I’m the vein in the leaf. I’m the voice that tells no story."