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Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

"As mulheres da minha alma", Isabel Allende

Charneca em flor, 20.06.21

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Isabel Allende é uma das minhas autoras preferidas. Por isso o seu nome numa capa é sinónimo de qualidade e bons momentos. Este pequeno livro lê-se rapidamente uma vez que se tratam de curtas crónicas onde a autora fala de si, da sua vida, das mulheres e homens que fizeram parte da sua vida, escreve sobre o feminismo e que importância o feminismo teve na sua vida. Aborda também a condição feminina e as diferenças culturais que podem ser determinantes nas oportunidades que cada mulher tem na vida.

Isabel Allende "convoca" algumas mulheres que fazem ou fizeram parte da sua vida e que a continuam a acompanhar como espíritos como sejam a sua filha Paula, a mãe Panchita ou a agente literária Carmen Balcells. Todas essas mulheres ajudaram a construir o feminismo de Isabel Allende. Os homens mais importantes da vida da autora também tiveram um papel na maneira como foi construíndo a sua vida.

O livro tem cerca de 200 páginas e lê-se muito facilmente.

Não se trata de um dos brilhantes romances de Isabel Allende mas uma pequena e breve reflexão sobre a condição feminina, o amor e a vida. Admirável como uma mulher quase com 80 anos continua a escrever de forma tão apaixonada e refrescante.

"o patriarcado continua a ser o sistema dominante de opressão política, económica, cultural e religiosa que confere domínio e privilégios ao sexo masculino.

(...)

E em que consiste o meu feminismo? Não é o que temos no meio das pernas, mas entre as duas orelhas. É uma postura filosófica e uma sublevação contra a autoridade do homem. É uma forma de entender as relações humanas e de ver o mundo, uma aposta na justiça, uma luta pela emancipação  de mulheres, gays, lésbicas, queer (LGBTIQ+), todos os oprimidos pelo sistema e os demais que se nos queiram juntar.

(...)

O patriarcado é pétreo. O feminismo, como o oceano, é fluido, poderoso, profundo e tem a infinita complexidade da vida, move-se em ondas, correntes, marés e, às vezes, tempestades profundas. Como o oceano, o feminismo não se cala."

 

Longa Pétala de Mar, Isabel Allende

Charneca em flor, 11.09.20

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Isabel Allende conseguiu a proeza de me fazer ficar acordada até tarde a ler. Já não me acontecia há muito tempo. Há imenso tempo que não li um livro desta escritora latino-americana. A "Longa Pétala de Mar" é o seu amado  Chile. Isabel Allende nasceu no Perú embora a sua família fosse chilena. A escritora viveu no Chile entre 1945 e 1975, o seu pai, diplomata, era primo do Presidente Salvador Allende deposto por um golpe de estado em 1973. Como era filha de um diplomata e também enteada de outro diplomata contribuíu para a fuga segura de indivíduos perseguidos pelo regime de Pinochet a ponto de ela própria ser ameaçada. Tal como tantos chilenos partiu para o exílio na Venezuela indo, mais tarde, para os Estados Unidos. Neste livro nota-se bem a influência desta experiência na escrita deste livro.

"Longa Pétala de Mar" atravessa um largo período do século XX começando em 1938 durante a Guerra Civil Espanhola e segue até 1994. Ao longo do livro acompanhamos a história de 2 espanhóis, Roser e Victor Dalmau, cujo fim da Guerra Civil empurra para o exílio para o Chile fazendo parte dos refugiados que embarcaram no Winnipeg. Este navio foi fretado pelo poeta Pablo Neruda para os levar para "a longa pétala de mar, de vinho e de neve"  como ele chamava, poeticamente, ao seu país. Ao longo deste romance acompanhamos a relação destes 2 amigos (Roser é viúva do irmão de Victor, morto em combate na Guerra Civil Espanhola), as vidas que cabem dentro de uma só existência bem como as pessoas que vão fazendo parte da sua história. 

Isabel Allende continua a possuir um enorme talento para construir personagens fantásticas e uma história arrebatadora ao mesmo tempo que nos ensina muito sobre a História do século XX. Com a leitura desta obra temos oportunidade de enfrentar muitos fantasms da Humanidade que, infelizmente, voltam a aparecer nalguns pontos do mundo como sejam as condições em que vivem os refugiados, a violência de uma guerra fraticida como é uma guerra civil ou a injustiça da perseguição por motivos políticos.

Embora a história seja verdadeiramente cativante só tenho a apontar algo de que não gostei tanto. A autora pretendeu abranger um grande período de tempo o que provocou grandes saltos temporais na narrativa. Ou seja, senti que o livro perdeu com essas lacunas. Mas isso resultaria num livro maior. Será que nos dias de hoje ainda há muitas pessoas que apreciem livros com 500 ou 600 páginas?!

 

"Aquele dia 4 de Agosto de 1939 ficaria para sempre gravado na memória de Víctor Dalmau, de Roser Bruguera e de mais dois mil e tantos espanhóis que partiam para esse país longo e afilado da América do Sul, que se aferrava às montanhas para não se precipitar no mar, e sobre o qual pouco ou nada sabiam. Neruda havia de defini-lo como uma 《longa pétala de mar, de vinho e de neve》, com uma 《cintura de espuma negra e branca》, mas isso não teria sido suficiente para dar a conhecer àqueles desterrados o destino que os esperava. No mapa, o Chile afigurava-se-lhes sinuoso e remoto."

 

 

 

Lotaria Literária #187

Charneca em flor, 06.07.20

"Com esta afirmação o guia pôs ponto final à refeição, que já se alongava para além da meia-noite, e anunciou que se deviam retirar para as tendas. Uma hora mais tarde, reinava a paz no acampamento."

O bosque dos pigmeus

Isabel Allende

Círculo dos Leitores

ISBN 978-972-42-3279-4

Alexander e Nádia acompanham a avó de Alexander até África e vão parar a um misterioso bosque habitado por pigmeus.

 

Lotaria Literária #186

Charneca em flor, 06.07.20

"Nádia permaneceu impassível, com uma expressão divertida no rosto dourado. Não se moveu um milímetro quando as cobras se enrolaram nas suas pernas, subiram pelo seu corpo magro e lhe chegaram ao pescoço e à cara, sempre a silvar."

O Reino do Dragão de Ouro

Isabel Allende

Círculo dos Leitores

ISBN 978-972-42-3050-3

Neste romance, a aventura segue até aos Himalaias e ao Reino Proibido.

 

Lotaria Literária #185

Charneca em flor, 05.07.20

"As crianças da aldeia, pelo contrário, brincavam, felizes, na lama, acompanhadas por alguns macacos domésticos e cães escanzelados."

A cidade dos deuses selvagens

Isabel Allende

Círculo dos Leitores

ISBN 978-972-42-2784-7

O primeiro de uma série de romances cujas personagens principais são os jovens Alexander e Nádia. Neste primeiro livro a aventura decorre no Amazonas. Alexander embarca numa expedição com a sua avó tendo como companheiros, um antropólogo, um guia local e a sua filha Nádia, e uma médica. O objectivo da expedição é capturar o lendário Abominável Homem da Selva.

Lotaria Literária #88

Charneca em flor, 28.03.20

"Mais algumas palavras sobre o trânsito: os Chilenos, tão tímidos e amáveis em pessoa, convertem-se em selvagens quando têm um volume nas mãos: aceleram como doidos a ver quem chega primeiro ao próximo semáforo, andam aos ziguezaguez, mudam de mão sem fazer sinal, insultam-se aos gritos ou com gestos."

O meu país inventado

Isabel Allende

Difel

ISBN 978-972-29-0654-2

Mais um livro que nos pode levar a viajar. Desta vez até ao Chile que persistiu na memória de Isabel Allende. Descubram a minha leitura deste livro

Lotaria Literária #22

Charneca em flor, 22.01.20

"A jovem soube seguir passo a passo a dança da copulação guiada pelo instinto e pelas ardentes leituras proibidas, que antes subtraía sigilosamente das prateleiras do seu pai."

Filha da Fortuna

Isabel Allende

Difel Difusão Editorial, S.A.

ISBN 978-972-290-457-5

Isabel Allende é uma das minhas autoras preferidas . Já tenho o último livro em espera.

"O meu país inventado", Isabel Allende

Charneca em flor, 15.03.15

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Este livro dormia na prateleira há muito tempo. Comprei num leilão blogosférico já nem sei por quanto. Seja qual tenha sido o preço, o seu valor é enorme ou não se tratasse de uma das minhas escritoras preferidas. Este é um livro biográfico mas biográfico à maneira de Isabel Allende. Resulta mais da nostalgia, da saudade do que da memória. A autora escreveu-o alguns anos depois de ter saído do Chile devido à ditadura militar de Pinochet que governou o seu país durante 17 anos. Ela fala do Chile que recorda e, se calhar, algumas coisas até só fazem parte da sua imaginação. Como ela própria diz:"Escolho o que quero expor para apresentar uma ideia de um Chile que é o que eu quero que apareça". Mais do que um livro sobre o verdadeiro Chile, é, isso sim, um livro sobre o Chile particular de Isabel Allende e também um livro sobre a sua família tão recheada de histórias que ela só precisou de contar essas histórias para criar as fantásticas personagens que povoam os seus livros. Esta obra reverte, como seria de esperar, para outras obras da autora. Mal posso esperar para ler "A casa dos espíritos" ou reler "A filha da fortuna" ou "Retrato a Sépia". Um livro pequeno que se lê facilmente principalmente para quem é apaixonada pela obra desta chilena.

"Tenho uma imagem romântica de um Chile congelado no começo da década de setenta. Durante anos julguei que quando voltasse a democracia tudo seria como antes, mas até essa ideia congelada era ilusória. Talvez o lugar de que tenho saudades nunca tenha existido"

"Paula", Isabel Allende

Charneca em flor, 02.05.12

Este livro já não é uma novidade, antes pelo contrário. A edição é de 1994. Desde que li "A soma dos dias" que desejava ler este. Aliás li-os pela ordem inversa. "A soma dos dias" começa precisamente, onde este termina. "Paula" foi escrito durante 1 ano pela autora durante o tempo em que a filha permaneceu em coma em sequência de uma doença grave que a afectava. Durante as longas horas em que Isabel Allende esperava que a filha acordasse foi escrevendo a sua história de vida e a dos seus familiares mais próximos. Este livro é, ao mesmo tempo, o relato da dor de uma mãe pelo sofrimento da filha e um relato bibliográfico da vida intensa de Isabel Allende que se cruza com a história do seu país, o Chile. Não é um livro fácil porque sofremos com a autora, emocionamo-nos com o amor e dedicação do jovem marido de Paula e participamos da revolta inicial e depois da progressiva aceitação da situação em que Paula se encontra. Apesar de tudo vale a pena ler mas só se tivermos um coração forte. Acredito que haja quem não seja capaz de lê-lo até ao fim.

 

 

"Tento não cair em sentimentalismos, que tanto horror te provocam, filha, mas terás de desculpar-me se de repente me vou abaixo. Estarei a ficar louca? Não dou pelos dias, não me interessam as notícias do mundo, as horas arrastam-se penosamente numa espera eterna. O momento de te ver é muito breve, mas o tempo gasta-me aguardando-o"

 

" Eu pensei então que há séculos imemoriais que as mulheres perderam filhos, que é a dor mais antiga e inevitável da humanidade. Não sou a única, quase todas as mães passam por essa provação, quebram-se-lhes os corações, mas continuam a viver porque têm de proteger e amar aqueles que ficam."