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Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

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Palavra do Ano 2020

Charneca em flor, 01.12.20

Este ano, a Porto Editora volta a lançar a iniciativa Palavra do Ano. Esta iniciativa "tem como principal objetivo sublinhar a riqueza lexical e o dinamismo criativo da língua portuguesa, património vivo e precioso de todos os que nela se expressam, acentuando, assim, a importância das palavras e dos seus significados na produção individual e social dos sentidos com que vamos interpretando e construindo a própria vida."

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Qualquer um de nós pode participar na escolha da palavra que marcou o ano de 2020 votando aqui.

Eu já participei.

 

Almanaque da Língua Portuguesa, Marco Neves

Charneca em flor, 21.09.20

Não sei como é que "tropecei" no Marco Neves. O que é certo é que me interessei por aquilo que ele escreve no seu site Certas Palavras. Marco Neves é professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Para além disso, e de ser leitor e escritor, é tradutor e revisor. Pelo que já conheço do seu trabalho, julgo perceber que é um apaixonado pelas Línguas e pelas suas particularidades.

Este "Almanaque da Língua Portuguesa" já não é o primeiro livro que leio dele. A obra em questão tem uma organização muito sui generis. Tal como o próprio nome indica é um almanaque, ou seja, um calendário com indicações úteis. Cada capítulo é representado por um mês. Em cada capítulo encontra-se a origem do nome do mês, um excerto de uma obra literária portuguesa, efemérides ligadas à Língua Portuguesa, perguntas, dúvidas, sugestões e histórias divertidas sobre a utilização da Língua. Em cada estação do ano há ainda listas de palavras como "as palavras mais feias", "os erros mais irritantes" ou "as palavras mais belas".

Foi uma leitura muito divertida e instrutiva. A maneira de escrever de Marco Neves é acessível, clara e inspiradora. Os momentos que passei com este livro contribuíram largamente para a minha paixão pela Língua Portuguesa. 

O "Almanaque da Língua Portuguesa" tanto poderá ser lido de ponta a ponta co o se pode ler o capítulo no mês correspondente ou ir ler um pedacinho aqui e ali. Provavelmente, para mim, passará a ser um livro de consulta pontual. 

Graças a este livro já vêm a caminho mais 2 livros do Marco Neves. Será uma oportunidade para desenvolver a minha maneira de escrever. Estamos sempre a tempo de aprender mais.

"As palavras conseguem ser deliciosas como um bom prato - quando, por vezes, vou a uma livraria comprar o novo livro de um dos meus autores portugueses preferidos, sinto fisicamente água na boca. Quando oiço algumas palavras nas minhas línguas preferidas, sinto qualquer coisa na barriga, uma satisfação física difícil de explicar. As palavras são qualquer coisa de físico, que saboreamos com a língua,  mordemos com os doentes, apreciamos com o olhar e deixamos a soar no nosso cérebro, imaginando-lhez cores, ligações, secretas, formas concretas."

 

Lotaria Literária #51

Charneca em flor, 20.02.20

"A escrita terá sido inventada na Suméria, pois então - foi essa a origem de todos os sistemas de escrita ou apenas uma de muitas invenções independentes desta tecnologia utilíssima? Não sabemos bem - a história da escrita também se faz de zonas obscuras."

Almanaque da Língua Portuguesa

Marco Neves

Guerra e Paz/ Livros CM

ISBN 978-989-702-531-0

Este livro chegou há poucos dias. Aind cheira a tinta acabada de imprimir.

 

Ai, a Língua Portuguesa

Charneca em flor, 28.09.19

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Eu sou uma pessoa que aprecia a Língua Portuguesa. É por isso que gosto de ler e escrever. Gosto, particularmente, que a nossa Língua seja bem escrita e bem falada. Devido à minha participação no Desafio dos Pássaros, tenho-me apercebido que o meu vocabulário poderia ser mais extenso. Afinal, a Língua Portuguesa possuí milhares de palavras. Bem que eu podia utilizar muitas palavras do que aquelas que utilizo habitualmente.

Esta introdução serve para vos descrever uma cena caricata a que assisti há pouco. Eu estava a chegar a casa e assisto a um reencontro entre 2 jovens, provavelmente amigos. Um deles tinha chegado de carro acompanhado de um outro rapaz. Aquele que o esperava, depois dos cumprimentos iniciais (que incluiram a fórmula preferida dos jovens: "Então, puto?!"), diz para o que tinha chegado de carro, e referindo-se ao acompanhante:

- Ele fala tuga? Ou só inglês?

Fiquei estupefacta. Desde quando é que falar português passou a ser falar tuga?!

Dia da Língua Portuguesa

Charneca em flor, 05.05.19

Acabei de descobrir que a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa +/- ) dedica o dia de hoje, 5 de Maio, à Língua Portuguesa. Como eu sou apaixonada pela nossa língua, embora também goste muito de outras línguas, achei que fazia todo o sentido destacar este dia neste blogue. Para o efeito vou aconselhar a leitura desta crónica, "A Língua Portuguesa de A a Z", de Marco Neves. Já sigo o Marco Neves no seu espaço Certas Palavras onde escreve brilhantes e divertidos textos sobre as particularidades da nossa Língua bem como de outras Línguas com as quais nos cruzamos.

A minha pátria é a língua portuguesa

Charneca em flor, 27.05.18

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Já há muito que sou apaixonada pela nossa língua. Adoro ler e escrever. Podia escrever bem melhor como ficou provado neste episódio noutro blogue onde fui "atacada" pelos inúmeros polícias da língua portuguesa. Ontem reuniram-se uma série de circunstâncias que me levaram a reflectir sobre a riqueza da nossa língua seja qual for o local onde é pronunciada.

Tenho andado a ler e a estudar o livro "na ponta da língua" de Sérgio Luís de Carvalho onde são descritas mais de 200 palavras, mais ou menos usadas no dia-a-dia, no que diz respeito ao seu significado e origem.

Também recebi a 1a Granta em Língua Portuguesa que substituí a Granta Portugal. A partir de agora, a Granta é editada em simultâneo nos 2 lados do Oceano Atlântico. O tema desta primeira edição é, muito convenientemente, Fronteiras (ou a ausência delas). Reune textos de vários autores da lusofonia como José Eduardo Agualusa, Francisco BoscoAdriana Lisboa ou Teresa Veiga. Como diz, Carlos Vaz Marques, na última frase da introdução, "Em português nos des/entendemos"

Por coincidência, a crónica da rapper Capicua na revista Visão também girava à volta da língua, nomeadamente, no que diz respeito à diferente pronúncia e ao vocabulário utilizado nas várias regiões do país. Um rapper brinca com as palavras e a Capicua é mestre nesta arte escrevendo também letras para outros artistas. Divagava ela sobre o desejo de escrever uma letra que consagrasse todas as variações que existem na nossa língua que tantas vezes levam a engraçados mal-entendidos. Seria uma letra recheada de palavras e reflectiria aquilo que a Capicua sente na pele já que divide a sua vida entre Lisboa e Porto.

A meu ver, todas as diferenças que o português possa ter, seja a grafia, a pronúncia ou os vocábulos específicos de cada país ou região, é que lhe dão riqueza e a fazem evoluir. Por isso me custa tanto que a espartilhem num Acordo Ortográfico que tenho sido resistente em aplicar. Não me importo nada de ler um romance escrito por um brasileiro já que é assim que se expressa e foi assim que ele aprendeu. Se for uma tradução de um texto ou livro científico já me incomoda mais até pela constatação de que há mais traduções científicas no Brasil do que em Portugal. Na faculdade, troquei traduções brasileiras por originais em inglês porque, em alguns casos, compreendia melhor. Até na relação da nossa língua com o inglês evoluímos de maneira diferente dos brasileiros. 

Pensando bem tenho dificuldade quem está mais correcto, se somos nós ou os outros países lusófonos. Afinal a origem foi este pequeno rectângulo onde vivemos mas, ao sairmos da nossa zona de conforto, espalhámos a língua portuguesa pelos 4 cantos do mundo. Temos que aceitar que esses povos a foram adaptando às suas próprias circunstâncias.

Já dizia Fernando Pessoa, pela pena do seu heterónimo Bernardo Soares, no "Livro do Desassosego", A minha pátria é a língua portuguesa.

Mar português

Charneca em flor, 20.11.16

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Praia d' El Rei, ontem

 

Mar Português

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma nao é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

                    Fernando Pessoa, in Mensagem

Este conhecido poema espelha bem a alma dos portugueses. A nossa ligação ao mar, a nossa capacidade de arriscar, de partir rumo ao desconhecido. Foi assim nos idos de 1500 e continua a ser hoje. Uns partem por necessidade, outros partem pela aventura. E há portugueses espalhados por todos os recantos do mundo. Com eles levaram um dos maiores tesouros do mundo, a língua portuguesa. Pelos últimos estudos, o português é a quarta língua mais falada pelo mundo já que é falada por mais de 250 milhões de pessoas. É obra.

Eu não penso partir para longe mas também sinto esta ligação ao mar. Olhar esta imensidão faz-me sentir minúscula. E a relativizar as miudezas do dia-a-dia. Olhar este vai e vem das ondas funciona como um tranquilizante (embora ontem o mar até estivesse bem agitado). 

É este, o mar português.