"City of Girls", Elizabeth Gilbert
"City of Girls" foi um dos livros escolhidos para o mês de Janeiro no Clube do Livra-te. Por coincidência, foi o primeiro livro lido no meu Kobo, recentemente adquirido. Desta feita, optei por ler em inglês.
Elizabeth Gilbert tornou-se conhecida pelo livro de memórias, "Eat, Pray, Love"* que deu origem ao filme com o mesmo nome protagonizado por Julia Roberts. Eu nunca tinha lido nada desta autora nem fazia ideia de que era romancista.
A narrativa de "City of Girls" está organizada em forma de uma longa carta que a protagonista, Vivien, escreve como resposta a Angela. Esta personagem, cuja identidade se mantém misteriosa durante quase todo o livro, pretende saber qual relação entre o seu próprio pai e Vivien. Assim Vivien, já idosa, mergulha nas suas memórias e conta-lhe toda a sua vida.
O relato começa no Verão de 1940 quando Vivien tinha 19 anos. Devido ao seu insucesso escolar, e sem saberem como lidar com o seu temperamento rebelde, os pais resolvem enviar a jovem para Nova Iorque. Ali vai viver com a sua tia Peg, proprietária de um edifício que incluí o teatro Lily Playhoyse, do qual é a directora. Vivien chega à cidade com uma mala e uma máquina de costura. O seu talento para costurar torna Vivien na responsável pelos figurinos das humildes peças de teatro levadas à cena pela tia Peg. Ao mesmo tempo, a jovem começa a tomar contacto com inúmeras personagens excêntricas e com um ambiente boémio muito diferente daquele a que estava habituada. Em Nova Iorque desenvolve a sua natureza feminina e independente. Vivien faz amizades, diverte-se, apaixona-se e vive momentos felizes até que tudo muda por uma má decisão.
A história de Vivien decorre durante 70 anos desde os anos 40 do séc. XX até à primeira década do séc. XXI. Não se limita a ser uma história de vida mas é também uma história de todas as mudanças sociais ocorridas durante esses anos. A vida de Vivien é influenciada pelas convenções sociais, mesmo que ela não lhes obedeça, pelo fantasma da Segunda Guerra Mundial, na qual os Estados Unidos da América tiveram um papel preponderante, pelo ambiente pós-guerra que transformou Nova Iorque numa cidade diferente e também pelas mudanças sociais ocorridas nos anos 60. No entanto, Vivien e as pessoas que lhe eram mais próximas sempre pautaram a sua vida por valores muito avançados para a época. A cidade de Nova Iorque descrita por Elizabeth Gilbert é uma verdadeira cidade de mulheres pouco convencionais, independentes e emancipadas.
Tal como Vivien vai amadurecendo ao longo do livro, a escrita de Elizabeth Gilbert também evolui. A história é dividida em 2 grandes blocos e, na minha opinião, a forma de escrever também é muito diferente nesses 2 blocos. Uma das características que mais me cativou foi o humor que se vai encontrando ao longo do texto. Esta leitura foi muito agradável e divertida, gostei mesmo muito.
"New York City in 1940
There will never be another New York like that one. I'm not defaming all the New Yorks that came before 1940, or all the New Yorks that came after 1940. They all have their importance. But this is a city that gets born anew in the fresh eyes of every young person who arrives here for the first time. So that city, that place - newley created for my eyes only - will never exist again. It is preserved forever in my memory like an orchid trapped in a paperweight. That city will always be my perfect New York.
You can have your perfect New York, and other people can have theirs - but that one will always be mine."
*Comer, Orar, Amar