"Como matar a tua família", Bella Mackie
Se não tivesse sido sugerido no Clube de Leitura do Livra-te provavelmente nunca pegaria neste livro. E porquê? Porque tenho preconceito com livros que têm muita publicidade à volta deles. Se calhar, fui só eu mas vi este livro por todo lado, seja fisicamente seja na internet. Aliás, na capa tem a menção "#1 do Top de Vendas no Reino Unido". Por vezes, posso até deixar de ler livros interessantes mas preconceitos são o que são. Desta vez, a minha percepção não estava de todo errada porque não gostei assim muito do livro.
O ponto de partida da história até é interessante. A personagem central, e narradora, é Grace, uma jovem que nasceu de uma relação extra-conjugal de um dos homens mais ricos da sociedade londrina. Nem o pai nem a família paterna reconheceram a sua existência e nunca lhe deram qualquer tipo de apoio ou assistência, nem sequer quando perde a mãe na adolescência. Como vingança, decide assassinar toda a família paterna para depois reclamar a herança. Ou seja, logo nos primeiros capítulos se percebe quase o livro todo. A morte de cada elemento da família vai sendo descrita ao pormenor. Para mim, a partir da 3a morte, toda esta explicação já começa a ser exaustiva demais. A dada altura, é introduzido um novo problema na vida de Grace que interrompe a sua vingança. Essa circunstância poderia ter aumentado o meu interesse mas eu já estava um bocadinho farta da Grace e já ia lendo em esforço.
A autora fez algum humor ao longo do texto mas, para mim, isso não foi suficiente para me fazer esquecer o quanto o livro estava a ser chato. A escrita pareceu-me confusa e Bella Mackie exagerou na explicação dos crimes. Às vezes, é preciso deixar algum mistério. O fim foi mais ou menos inesperado e, quanto a mim, foi o mais interessante de toda a história.
Não abandonei a leitura porque tenho muita dificuldade em deixar um livro a meio e ainda mais por ter sido um livro sugerido por um clube de leitura. Se calhar, devia-o ter feito porque me sobrava mais tempo para ler bons livros.
"Ainda hoje fico tensa só de pensar nesse homem. Obrigo-me a respirar bem fundo. Sou uma mestre do autocontrolo, mas não foi algo que tivesse aprendido naturalmente. Em criança, costumava ter tremendos ataques de cólera e atirava-me para o chão quando alguma coisa me desagradava, enquanto a minha mãe ficava a olhar para mim com uma expressão divertida e pedia desculpa as pessoas que estavam connosco. Esse sentido dramático ainda persiste dentro de mim, mas há muito que aprendi a contê-lo. Se queremos executar bem um plano, executar um conjunto de pessoas, não podemos deixar as nossas emoções em roda livre. Isso tornaria tudo muito atabalhoado, e nada podia ser pior do que sermos apanhados
por termos sido demasiado autocomplacentes no que diz respeito ao nosso autocontrolo. Tal como quando era criança, acabei por sofrer a indignidade de ter de usar uma casa de banho a um metro da cama, mas pelo menos não foi por me ter denunciado graças a uma vocação insensata para o drama."