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Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

Livros de Cabeceira e outras histórias

Todas as formas de cultura são fontes de felicidade!

As Coisas que Faltam, Rita da Nova

Charneca em flor, 12.06.23

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Este livro entrou na minha vida muito antes do seu lançamento que ocorreu há quase 4 meses. Acompanho a autora há muitos anos seja através do seu blog, do Instagram ou dos podcasts. A Rita tem feito um óptimo trabalho ao nível do estímulo da leitura junto dos seus inúmeros seguidores e acredito que tem contribuído para que muitos jovens tenham começado a ler. Já há muito que a Rita partilhava connosco seu sonho de escrever um livro e durante o processo de escrita foi lançando alguns pormenores que nos aguçavam o apetite.

Quando o seu primeiro livro, a solo*, se tornou uma realidade, fiquei muito feliz e não podia faltar ao lançamento do seu "As Coisas que Faltam". Para mim, foi um momento muito emotivo. Claro que o li com avidez apesar de estar com alguns problemas oculares na altura. A experiência de leitura foi maravilhosa desde a dedicatória até à ultima linha dos agradecimentos. 

Em "As Coisas que Faltam" acompanhamos o crescimento de Ana Luís a partir do momento em que, habituada a que lhe digam que não, resolve perguntar à mãe se podia conhecer o pai. Ana Luís tinha só 8 anos mas já nessa idade sentia que havia algo que lhe faltava para se sentir completa. Ao longo deste livro vamos acompanhando esta busca, não só pelo pai que não conhece, mas também pelo seu lugar no mundo.

A história de Ana Luís tem a simplicidade de uma história, aparentemente, comum e a profundidade daquilo que guardamos no mais fundo da nossa existência. O que será que mais nos define? Aquilo que nos falta ou aquilo que esteve sempre ao nosso lado? Aquilo que não passou de um sonho ou aquilo que conseguimos realizar?

A escritora Rita da Nova escreveu um livro bem ao gosto da Rita da Nova leitora. Uma boa história, bem escrita, emotiva e com o tamanho certo para nos cativar sem nos maçar .

Embora a minha vida tenha sido muito diferente da vida de Ana Luís, senti por ela uma enorme empatia e identifiquei-me muito com a jovem.

Como já se tornou óbvio, recomendo muito a leitura d' "As Coisas que Faltam". Que seja um bom estímulo para a escrita do seu próximo livro.

"Há quem diga que «família feliz» é só o nome de um prato que se encontra nos restaurantes chineses. E, de facto, partilhar o mesmo sangue é mais vezes causa de conflito que de tranquilidade. As famílias são ecossistemas, e os ecossistemas têm uma tendência natural para o caos, para a confusão, para o combate - como uma casa que, mal se acaba de limpar, começa logo a dar sinais de sujidade. Pode dizer-se tudo isto sobre todas as famílias do mundo, mas eu não conseguia acreditar que a família do meu pai, aquela trindade perfeita, pudesse ser qualquer outra coisa senão a família mais feliz que alguma existiu."

 

*A Rita da Nova já, anteriormente, publicara "Terapia de Casal" em co-autoria com o seu marido e parceiro do podcast com o mesmo nome, Guilherme Fonseca.

Mais leituras de Janeiro

Clube do Livra-te

Charneca em flor, 15.02.22

Este ano aderi a duas iniciativas literárias:

  • Leitura Conjunta de Saramago dinamizada por Magda Cruz, autora do podcast Ponto Final. Parágrafo. 
  • Clube do Livra-te dinamizado por Rita da Nova e Joana da Silva, autoras do podcast Livra-te.

Sobre o livro de José Saramago para o mês de Janeiro já escrevi aqui. Hoje vou partilhar algumas ideias sobre os livros do mês de Janeiro sugeridos pela Rita e pela Joana, "Winter" de Ali Smith e "A troca" de Beth O' Leary, respectivamente.

Os 2 livros acabam por ter uma ténue ligação já que ambos nos fazem olhar para o envelhecimento e para a vida das pessoas mais idosas.

20220211_133526.jpgWinter, Ali Smith

Este livro pertence a uma série de 4 cujos títulos revertem para as estações do ano. Quando o primeiro livro, "Autumn" foi mencionado no podcast Livra-te, por impulso, comprei os quatro títulos em inglês e em ebook.

"Winter" é de leitura mais difícil do que o primeiro. Afinal, o Inverno é mais difícil de suportar do que o Outono, não é verdade?

A acção principal ocorre no Natal mas a escrita da Ali Smith baseia-se muito naquilo que habita na memória das personagens por isso a história vai saltitando entre vários espaços temporais. Como ela própria diz, o único sítio onde podem coexistir vários espaços temporais é num livro. Voltamos a sentir o ambiente pós-brexit mas a autora vai para além disso abordando, igualmente, as preocupações ambientais, o activismo, a emigração e a doença mental. "Winter" aborda, também, o envelhecimento, as várias maneiras de envelhecer e as diferenças geracionais.

Os livros podem-se ler, independentemente, uns dos outros embora haja uma breve ligação, quase imperceptível. 

Em suma, valeu a pena insistir na leitura porque, no final, acabou por ser uma boa experiência.

"Well, this story is from the past, Art says, so the today it’s about is in the past now. And obviously, it’s about Christmas, this is a story set at Christmas time, and it’s June right now, so this also means it’s not the same as today. That’s one of the things stories and books can do, they can make more than one time possible at once."

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A troca, Beth O' Leary

"A troca" conta uma história muito ternurenta. Eileen e Leena são a avó e a neta que resolvem trocar de vida. A avó Eileen vai viver para Londres, interagindo com os amigos da neta, em busca de um novo amor depois da separação e Leena vai viver para uma pequena aldeia do Yorkshire assumindo todas as funções da avó na comunidade. Esta combinação entre as duas gera inúmeras e divertidas peripécias.

Este livro entra na categoria dos livros leves mas não encaremos isso como uma crítica. É bom ir intercalando livros mais densos com livros mais leves para contrabalançar as leituras.

Neste livro, o envelhecimento activo acaba por ser um dos pontos fulcrais da história. O desenrolar do livro acaba por ser previsível mas não deixou de ser uma experiência agradável. 

"Não é que me sinta envergonhada por estar à procura de um novo amor. Mas os jovens têm tendência para achar engraçadas as pessoas mais velhas que ainda pensam no amor. Não é por maldade  fazem-no sem pensar."

 

Terapia de Casal, Rita da Nova e Guilherme Fonseca

Charneca em flor, 20.12.21

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O podcast Terapia de Casal foi um dos primeiros que acompanhei com regularidade e comecei a ouvi-lo desde a primeira hora. Já "conhecia" o Guilherme desde o Canal Q e também lia o blogue da Rita há muito tempo. A dinâmica que construíram no podcast é muito divertida por isso não hesitei em encomendar o livro assim que divulgaram esta novidade. 

Depois de ter lido alguns livros mais densos, achei que era altura de pegar num livro leve e divertido. E que bem me fez nas últimas semanas que têm sido esgotantes em termos profissionais. Demorei mais tempo do que previra exactamente por causa do cansaço que tenho sentido.

O livro tem prefácio da humorista Joana Marques e está organizado por vários temas que representam "coisinhas insignificantes que dividem os casais" como eles referem no subtítulo. Um deles discorre sobre o tema que o irrita no outro o qual tem direito de resposta para contrapôr os seus argumentos de defesa. No fim de cada capítulo somos convidados a escolher se somos Team Rita ou Team Guilherme assinalando a lápis (a Rita nunca perdoaria se escrevessemos a caneta ) qual é a nossa opção naquela questão.

Como é óbvio, não se trata de verdadeira terapia, só se fôr terapia pelo humor porque os textos são muito engraçados. Embora seja o Guilherme que ganhe a vida como humorista, a Rita não lhe fica nada atrás porque ela tem uma tendência natural para o humor.

Basicamente, este livro é uma boa oportunidade para nos rirmos e muito e para nos ajudar a esquecer, por momentos, os problemas que nos rodeiam. Para além disso, está muito bem escrito. Muitos parabéns à Rita pelo seu primeiro livro, mesmo que não tenha sido a solo. Tenho a certeza de que, em breve, se lançará noutros voos literários.

Ah, é verdade. Sou Team Rita mas apenas com 5 pontos de diferença para a Team Guilherme. Afinal, gosto muito de ambos.

Se ainda vos falta uma prenda de Natal, aqui está uma boa sugestão. Seja para os casais para aprenderem a lidar com as pequenas questões do dia-a-dia ou seja para solteiros para perceberem que, se calhar, é melhor continuarem assim .

Boas leituras.

"No entanto, não queremos que fiquem com a impressão de que aquilo que nos divide são questões profundas, como se devemos ou nao ter filhos, se acreditamos em Deus ou quais são as nossas faces politicas. Nisso concordamos plenamente, mas é-nos muito mais complicado chegar a acordo em temas mais triviais e insignificantes como  a decoração da casa, o tempo gasto no WC ou em como ir às compras ao supermercado.
É sobre esses temas pequeninos, que não matam, mas moem, que costumamos discutir há cerca de dois anos, todas as semanas, no nosso podcast Terapia de Casal. Por norma, temos convidados que assumem o papel de 《terapeutas》e nos ajudam a acender ainda mais a discussao (o chamado 《atirar lenha para a fogueira》). "